segunda-feira, 15 de abril de 2013

Feliciano é a prova que estamos caminhando para o destino certo


OK, admito, o título foi um pouco para captar audiência sim, mas não deixa de ser verdade essa afirmação, pelo menos segundo ao ponto de vista que irei expressar logo abaixo, então vamos à explicação.

É muito complicado exigirmos que no meio do caos a pessoa de uns passos para trás e avalie e real dimensão das coisas. E por sermos profundamente imediatistas, ficamos cegos para às tendências e perdemos a oportunidade de visualizar para que caminho os acontecimentos estão nos levando.

Digo isso pois depois de uma reflexão sobre ás crescentes manifestações conservadoras, principalmente vindas de líderes religiosos.

É de fácil constatação que cada vez mais e com uma velocidade cada vez maior, a religião vem perdendo seu espaço. Tanto pela tendência do crescimento da parcela ateísta da população, muito por conta deles agora começarem a se sentir mais a vontade em declarar sua não crença, como, e aqui acho que vale uma atenção especial, à parcela da população que se diz possuir religião mas cada vez mais diminui sua importância nas suas ações do dia a dia. Para quem tiver curiosidade, segue aqui alguns dados do Gallup de 2009 (http://en.wikipedia.org/wiki/Importance_of_religion_by_country).

Muito disso se da pelo fato de como os alicerces das religiões foram construídos, na mais fofa das areias.

Se recapitularmos um pouco, vamos lembrar que desde os primórdios, as religiões foram inventadas primariamente para explicar os acontecimentos mais básicos do cotidiano, por exemplo, de onde vem o dia, a noite, a chuva, o trovão, as estações e por ai vai.  Um pouco mais tarde, começaram a servir para explicar de onde viemos, por que morremos, por que estamos aqui. Evoluindo um pouco mais o pensamento, serviu para justificar direitos sobre terra e poder, a qual posição hierárquica a pessoa pertence, o direito de escravizar, etc. E por fim, usada para justificar diretrizes morais, que SEMPRE, em todas as ocasiões, favoreciam, por muita "coincidência" àqueles mesmo que às divulgavam.


Como podemos perceber, os alicerces que sustentam essas afirmações são profundamente frágeis. Durante muito tempo resistiram, mas tal como uma partida de Jenga, após retirar uma peça, mesmo tentando realoca la, a instabilidade da sustentação só aumenta. Quando passamos a ter respostas mais convincentes sobre os fenômenos naturais, questionamentos sobre a participação no poder, etc, a torre começou a balançar.


Com isso cada vez mais as religiões se viram forçadas a reagir para não desaparecerem, se refugiando em teorias absurdas para conciliar seus dogmas com a ciência, como a risível teoria do "design inteligente", por meio de força e repressão, proibindo o acesso à informação, como no caso das ditaduras religiosas do oriente, ou se colocando como a palavra final em questões relativas à moralidade da sociedade, principalmente em países em movimento de reformas econômicas e sociais.

E tal como um animal que se sente que seu território esta sendo invadido, sua reação é atacar com ferocidade, dar exemplos de força, urrar, essas coisas.

O que estamos presenciando hoje é mais ou menos isso, o território das religiões esta sendo invadido. Tanto pela crescente parcela da população que esta migrando para o ateísmo quanto por aqueles que passaram a não mais encarar os dogmas religiosos com menor importância. Vemos uma crescente migração da crença em um deus pessoal que age efetivamente no dia a dia (algo até caricato) para um deus que existe mas não interfere no andamento do mundo (desnecessário).

Esses momentos de transformação já ocorreram, por exemplo nas saída da idade das trevas para o iluminismo (engraçado como a história se refere ao período comandado fortemente pela religião como treva  e a acensão do humanismo como luz). Para quem não é muito familiarizado com história, essa foi a época em que grandes dogmas religiosos começaram a ser derrubados pela ciência, como a teoria do geocentrismo e o formato da terra, por exemplo. E vendo suas esse avanço, qual foi a "solução" encontrada pelo poder da época? A fogueira. Da mesma maneira quando as mulheres começaram a pleitear um lugar de maior destaque na sociedade, foram declaradas como bruxas, e também foram às tochas. Já do outro lado, ainda vemos isso, porém ao invés de tochas, são pedras. Mas de novo, para não perder o poder, não perder território, reagem de maneira violenta, uma vez que o medo de alguma divindade já não se faz suficiente, imprimem o medo pelos representantes desta.

O que acontece aqui é parecido, porém com menor violência institucionalizada  apesar de existirem casos isolado, que cada vez mais deixam de ser isolados para se tornarem comuns. 

As religiões começam a perceber que seu espaço e relevância começam a diminuir. Para se defenderem desse avanço se refugiam nas poucas lacunas que ainda restam, como da existência de vida após a morte, algo que podem vender à sua clientela, já que nunca ninguém ira voltar para reclamar que foi enganado, e alguns assuntos que dão visibilidade e inflamam discussões como no caso do aborto e de relações homoafetivas.

Existe uma característica muito interessante nos animais que é o comportamento de bando. Temos a tendência de sempre seguir a multidão, isso explica por que gostamos de sentar em restaurantes cheios, pegar filas, etc. Em nossa cabeça, se tem muita gente, é por que é bom. Isso explica a tática das religiões evangélicas de fazer cultos barulhentos, presença constante na televisão, a figura de pastores que guiam seu rebanho, etc. Uma coisa tenho que admitir, elas utilizam todas as técnicas da psicologia comportamental com primor.

Por conta disto, que pelo menos em minha análise, concluo que a intensidade da "violência" na defesa de seu território é proporcional a intensidade da ameaça aos mesmos. E isso vale não só para a religião, mas como para a sociedade como um todo, principalmente, para voltar um pouco ao tema do post anterior, no que diz respeito àqueles que começam a ter alguns de seus "direitos" ameaçados. Podem me chamar de otimista, mas por isso que digo que a aparição de Felicianos e conservadores em geral é um sinal que o caminho esta correto.

Se estivessem estes confortáveis com a situação e com certeza da continuidade da influência de seu poder, não teríamos manifestações tão acaloradas. Como diz o ditado, não se chuta cachorro morto.

Infelizmente ainda é apenas o início da caminhada, muita gente ainda vai sofrer, física e psicologicamente. Presenciaremos ainda inúmeros casos de intolerância, perderemos batalhas importantes, mas, da mesma maneira que aconteceu quando os Nazistas decidiram marchar rumo a Stalingrado, o resultado final já é sabido.

Para quem sofre com na pele, sei que parecerá uma eternidade e muitos não virão a vitória final. Mas se serve como consolo, voltando à idade média, foram as fogueiras que começaram a dar um fim à escuridão.



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