quarta-feira, 22 de abril de 2009

Alguns pensamentos mal acabados sobre relativismo

por PHNunzio

Texto ainda inacabado sobre o relativismo, ainda cabe revisão e uma amarração melhor, mas já da para ter uma idéia do que penso sobre o relativismo

Em debates e discussões, tanto no mundo real como na internet, independente do tema, sempre encontraremos, e o que assusta é que cada vez com mais freqüência, os relativistas absolutos, principalmente quando o assunto é ética, ideologia ou religião. O que humildemente procurarei demonstrar em algumas linhas, é que o relativismo não é uma posição honesta, e por muitas vezes é uma saída das mais covardes.

                O relativismo, não o relativismo absoluto, cabe e muito bem em discussões éticas e morais, mas principalmente em retrospectiva, pois as posições consideradas ética e moralmente válidas em períodos anteriores, sempre foram concebidas dentro de “verdades” estabelecidas pelo Zeitgeist  da época. Por exemplo, na antiguidade era ética e moralmente aceita a posse e comercialização de escravos, a escravidão era compatível com o modo de vida  e a moral da sociedade. Eles tinham justificativas, e tanto quem escravizava, como quem era escravizado não enxergavam dilemas éticos nisto.  Porém hoje a escravidão é condenável  por praticamente todas as sociedades modernas, contudo não podemos taxar como seres desprovidos de ética e moral todas as sociedades antigas que praticavam este ato, eles estavam inseridos em outra cultura, tinham outro valores, outras realidades. Não me estenderei na analise da escravidão na antiguidade pois existe farta bibliografia sobre o assunto e não é este o cerne da questão que proponho discutir, quero apenas demonstrar com este exemplo que embora retrospectivamente o conceito de certo e errado, moral e imoral, é sim, relativo, o código ético de uma sociedade é regido pelas verdades e diretrizes consolidadas dentro de uma realidade estabelecida dentro do entendimento de mundo de uma determinada época.

                O grande erro dos relativistas é querer utilizar o argumento de que as verdades podem mudar com o decorrer do tempo, para fazer disto o fundamento de todos seus parâmetros para o entendimento do mundo em que vivem. Esquecem que o convívio em sociedade, o senso comum, as leis e a realidade da época, tanto nos permite, como exige que tracemos limites, que tomemos posições, que estabeleçamos normas e códigos. Mesmo que num futuro, seja definido que estas “verdades” não passam de mentiras infundadas e má entendimento da dinâmica e comportamento da época. Não vêem que esta mudança de entendimento, de visão vem com imposição de culturas, descobertas cientificas, enfim, com a evolução dos conceitos.

Gostaria de abrir um parênteses aqui apenas para lembrar que evolução não significa melhora, que isto fique bem entendido, evolução significa apenas a mudança de algo, pode ser um conceito, uma idéia, uma moral, um ser vivo, no decorrer do tempo, no qual pequenos aspectos  são modificados até que em um determinado ponto não mais se identifica com a origem. Por exemplo a visão Greco Romana do homossexualismo era muito mais ética, para os padrões modernos, do que a visão da Idade Média, porém a visão medieval é uma evolução da visão clássica.

O relativista falha ao não enxergar que dentro de um contexto definido num espaço e tempo, dentro de um determinado entendimento presente  do mundo e das relações humanas, é possível estabelecer normas e paradigmas que norteiem a ética e a moral, mesmo que sabidamente, estes possam ser alterados no curso da história. Os fundamentos podem ser relativos ao analisar a história como um todo, porém eles são absolutos dentro de períodos e locais específicos.

O grande pecado do relativismo é transportar esta filosofia para assuntos nos quais ela cabe, como, principalmente, a ciência. Pregam que a ciência está em constante mudança, portanto não se pode levar em conta o que ela afirma, pois um dia isto pode mudar.

 Um erro muito cometido, sobretudo pelas pessoas que não estão familiarizadas com o método cientifico e a confusão entre o ceticismo e o relativismo. Uma coisa é ter uma visão cética da própria ciência, na qual uma teoria é verdadeira apenas até o ponto em que aparece uma outra com uma explicação melhor. Para um relativista, a simples hipótese que num futuro possa aparecer alguma outra explicação, já é motivo suficiente para que uma teoria já seja descartada. Veja bem, o que o relativista põe em questão não é a teoria em si, mas o método científico, e faz isso sem propor um outro método sólido. O relativista não põe em dúvida os dados colhidos pela observação, ele põe em dúvida a observação.

Contudo, relativista é relativista até a página 4, invariavelmente um relativista já possui um ponto de vista absoluto e por não ser provado ou aceito, acaba atacando o método para poder justificar sua crença. O relativista vive de dogmas, por mais antagônico que seja. Vamos a um exemplo: Uma pessoa afirma que existe uma força maior, (pode substituir por deus, energia, o que você preferir), que rege o universo. Um cético afirma que até o presente momento não existe a menor evidência que isto exista, nenhum dado ou previsão apontam para isto e até o presente momento a existência de tal força não aparenta ser necessária, portanto não tem sentido prático assumirmos como plausível esta existência. O relativista contra argumentará que antigamente os cientistas da época consideravam o universo como estático e a terra como redonda, e como a ciência constantemente, não se pode descartar a existência de tal força.

Vamos analisar os argumentos, o relativista alega que não da para confiar na ciência, pois como tudo, ela é passível de mudança, e como já existiram “verdades cientificamente comprovadas” que foram derrubadas, não se pode acreditar na ciência e esperar que ela nos traga o que é o real. Porém reparem que isto só é válido pois a ciência formal desconsidera o dogma que ele acredita, se amanhã for provado que realmente existe tal força, ele virará e falará, - Ta vendo? Eu falei que era real. Percebe a incoerência? A partir do momento que a ciência prova que sua afirmação é verdadeira a ciência é válida e será usada como confirmação de seus argumentos, enquanto ela não provar a ciência não pode ser confiável pois esta sujeita a revisões ao longo da história.

Já o cético, se um dia aparecerem dados e indicações que apontem para a existência de tal força, por coerência ao pensamento cientifico irá aceita-las como verdadeiras e reformular todas as bases das teorias para que este novo aspecto se encaixe, sem dor, sem trauma, apenas sendo fiel ao método.

A diferença básica é que o relativista não possui um método para se chegar ao conhecimento, o relativista procura absolutos perenes, que nunca serão alcançados, pois ele busca provas de negação e da valores iguais para probabilidades infinitamente diferentes. Já o cético é fiel ao método, para ele não importa o que os dados irão apontar, importa apenas que o raciocínio seja lógico e fundamentado, e a partir daí, tomará como verdade os resultados.

Voltando ao princípio do texto, considero então o relativismo como covarde, pois é apenas uma maneira de se mascarar dogmas, superstições ou ideologias, ou na melhor das hipóteses uma justificativa para não tomar opinião e ficar em cima do muro, é um esconderijo de fácil acesso para aqueles que não têm argumentos para defender suas idéias. E é cínico também a partir do momento que exige da ciência provas ao mesmo tempo em que a desmerece, e não oferece uma contra partida, jogando seus argumentos ao ar incumbindo o ônus da prova a quem não concorde deles. Se escondendo atrás de perguntas como, - E quem te garante que isto é o certo? Sendo que ao mesmo tempo em que exige a prova, e a refuta se esta não for do seu agrado. Como foi sugerido por um colega, a melhor maneira de tratar um relativista absoluto é mandar-lo toar no cu, e quando este se indignar pergunte:

- E quem te garante que isto não foi um elogio?

sexta-feira, 17 de abril de 2009

NÃO EXISTE ATEU DESINFORMADO

Por PHNunzio

Não existe ateu desinformado, como diz Richard Dawkins em seu livro O Relojoeiro Cego, e em que concordo plenamente, é impossível alguém se declarar ateu antes da teoria de Darwin surgir, pois foi ela a primeira a nos deu uma explicação razoável do por que e como estamos aqui.
           

O ateísmo surge de um complexo processo de evolução de pensamento e raciocínio, e demanda esforço, não surge de uma maneira natural, novamente, citando Dawkins, por sermos uma espécie que possui o ferramental físico e mental par construir coisas, buscamos em tudo um efeito de causa e conseqüência, portanto é natural que as primeiras impressões que temos do mundo, da vida, do universo é de que alguém obrigatoriamente teve que deliberadamente construir tudo isso. Resumindo, a hipótese de um deus criador é a mais fácil, e ironicamente a mais natural.
           

Apenas com o avanço da ciência é que pudemos começar a ter uma idéia de como tudo funciona e começamos a colocar deus no lugar que ele merece, na conta dos amigos imaginários, coelhinhos da páscoa e fadas do dente.

O ateísmo é antinatural para a mente humana, pois todos as explicações para a origem tanto da vida quanto do universo fogem da nossa noção de normalidade, fogem dos nossos padrões cotidianos, afinal, como imaginar as escalas de tempo e distância necessárias para que se comece a entender a origem e o funcionamento da vida e do universo?

São muitos dados, muitas teorias e nem sempre em linguagem fácil e acessível, e isso assusta e afugenta. Ser ateu dá trabalho, pois alem de procurar se informar ao máximo, somos bombardeados por todo o tipo de baboseira pseudo cientifica. Superstições antigas com roupagem nova, travestidas em jalecos branco, em pesquisas má dirigidas, sem o controle e o rigor necessários, em que se procura a qualquer custo, dados que sustentem mesmo que parcamente suas proposições. E com isso o caminho para o ateísmo, que já não é fácil, fica muito mais complicado. E o principal motivo é que essas teorias da nova era, ciências “quânticas”, energias vitais, etc., são apresentadas de uma maneira atraente, de fácil compreensão, tentando nos levar mais uma vez a tomar o caminho mais simples.

É muito simples negar a figura de um senhor barbudo sentado em um trono de uma nuvem, atirando raios para terra, ou deuses circulando pelo céu com uma carruagem de fogo, além do mais agora que já sabemos as explicações para tais fenômenos. Não custa lembrar que os deuses foram criados para explicarem os fatos “inexplicáveis” do cotidiano, e suas atribuições na vida humana, como julgar, interferir e tudo mais surgiu, pois somos humanos, e construímos nossos deuses a nossa imagem e semelhança.

Porém hoje em dia nossos trovões, raios, movimentos celestes estão no nível das micro partículas, dos quarks, bósons, energia escura, spins de partículas, cordas, universos paralelos, e assim como antigamente, não demorou muito para aparecerem os gurus quânticos, procurando um significado “espiritual” para tudo isso. Substituindo deus por energia e orações por pensamento positivo. Porém diferentemente dos nossos raios, como citados anteriormente, o comportamento e a vida dessas partículas são muito, muito estranhos, e muito mais complicados de se entender do que a formação de cargas elétricas pelas gotículas de água nas nuvens. Para se entender, mesmo que superficialmente o assunto, a pessoa é obrigada a mergulhar em literaturas e estudos maçantes, cheios de terminologias pouco conhecidas, conceitos de difícil abstração, tabelas, equações gráficos e nenhum apelo emocional.

Como se pode perceber a batalha é desigual, de um lado teorias que buscam conforto, esperança e nos dar um papel central no universo, de outro lado, estudos frios, que exigem uma base de conhecimento técnico para começarem a ser entendidos e que não prometem nem intentam responder questões existências ou encontrar nosso lugar no plano cósmico.

Este é um dos principais motivos do ateísmo ser tão trabalhoso, é uma constante batalha de separar o joio do trigo, os estudos sérios dos embustes, é ter a humildade de reconsiderar posições depois de anos de estudos e defesa sempre que aparecem novos dados e estudos que apontam para uma nova direção. É estar sempre a serviço da ciência e do pensamento cético.

Por isso que afirmo que é impossível existir um ateu desinformado, pois o primeiro passo para o ateísmo é a curiosidade, a não aceitação de “verdades” embaladas em autoridade. Se uma pessoa se declara ateia e não busca respostas para as questões básicas da vida e do universo, ela esta fazendo um desserviço a ela e ao ateísmo em si.

O ateísmo não é uma causa, é uma conseqüência de curiosidade e pensamento crítico, é se maravilhar com o fato de termos chegado a esse ponto, partindo de uma explosão de tempo, espaço e matéria a milhões de anos, não por designo divino, não por energias conspiratórias, mas sim por uma sucessão de eventos tão improváveis que é praticamente impossível de se calcular. E que mesmo assim aconteceram, e só pelo fato de terem acontecido, é que nós podemos estar aqui hoje refletindo sobre isto. E isso não é pouco, é muito mais emocionante e excitante do que imaginar que tudo isso foi criado. É saber que nosso papel no universo não difere do papel de uma molécula de gás na nebulosa mais distante, que independente do que fizermos, do que nossa civilização alcance, não representamos nada para ele. É ser humilde e saber que somos completamente responsáveis pelos nossos atos, e que a única vida que temos é esta.

Portanto não é fácil ser ateu, você precisa de tempo para pensar, repensar, estudar concluir, não pode se aceitar informações batidas no liquidificador pronta para beber, e para isso precisa de tempo e vontade para olhar pro olho do universo e falar, é uma estrada sem fim, mas a recompensa, eu garanto, é melhor do que qualquer uma prometida por qualquer religião, seita ou similares. E quando você chega ao fim pode olhar para trás e dizer de boca cheia, eu tenho um orgulho do caralho de ser ATEU

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Algumas linhas sobre o Universo, ou o fim dele

Assistindo de nova a alguns capítulos da maravilhosa série o Universo, do The History Channel, me flagrei pensando o seguinte. Tudo aponta para que o universo acabe. Estamos vivendo ainda o inicio da vida do universo, e muito, muito antes dele chegar na adolecência o nosso planetinha já terá ido para o limbo a um bom tempo, e isso, o fim do universo, é algo inevitável e sem escapatória.

Por incrível que pareça, apesar de até dar um aperto no coração, a certeza que um dia, num futuro distante, independente do avanço tecnológico, independente de qualquer coisa, o universo, como cenário não existira mais, não teremos nenhum pano de fundo para nossa existência, me deu uma paz e um grande sentimento de humildade, saber que realmente estamos aqui por acaso, e não por nenhum plano de nada ou ninguém, afinal, quem iria se dar ao trabalho de criar tudo isso para alguém, sabendo que teria um prazo de validade?

Mas o que eu quero falar é sobre outra coisa, ultimamente venho sentindo por parte de alguns amigos uma substituição de deus pela "energia", sabe essas pessoas que dizem que existe uma energia cósmica que conspiram e guiam o destino da pessoa, etc? Uma balela dessas, de querer dar um ar cientifico a sua religiosidade.

Mas ai que entra o ponto, sabendo-se que o universo vai ter fim, e q não somos parte de nenhum plano ou similar, como se pode acreditar numa energia que existe e interfere apenas com o ser humano?  Ou com os seres vivos, que seja.

Muito mais fácil ter um sentimento de religiosidade sabendo que todo e qualquer átomo que esta no seu corpo, foi forjado a milhões, bilhões de anos dentro de estrela gigantes, e que os prótons, nêutrons e partículas elementares surgiram no big bang,  por volta de 15 bilhões de anos. 

Quando realmente entrar na cabeça que da mesma maneira q estamos no universo, o universo está entre nós, e q se nos reduzirmos a níveis subatômicos, estamos aqui a mais de 15 bilhões de anos, ai sim, acho q a necessidade de um conceito de deus, ou de alguma força sobrenatural cairá completamente por terra.

bom apenas algumas linhas escritas num momento de ócio, e quem sabe, pode levar as pessoas a refletir sobre humildade e nosso papel no teatro cósmico.

abrass