Uma guerra desleal contra o obscurantismo e as religiões. Porém, uma guerra que deve ser travada.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Entrevista com o Padre George Coyne por Dawkins
Esta entrevista faz parte do DVD "The Genius of Charles Darwin" quem tiver o interesse http://RichardDawkins.net/Store
Daniel Sottomaior falando sobre ateismo
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
'Ciência e religião não devem se misturar', diz Douglas Futuyma
No Brasil para palestras, Douglas Futuyma faz balanço dos avanços no
estudo da evolução biológica
Carlos Orsi, do Estado de São Paulo
SÃO PAULO - Ciência e religião podem conviver, mas não devem se
misturar. Essa é a receita que o biólogo americano Douglas Futuyma
oferece para evitar conflitos como os que ocorrem nos EUA, em torno do
ensino da teoria da evolução em escolas públicas. Futuyma é um
veterano dessas batalhas, tendo sido presidente da Sociedade Americana
para o Estudo da Evolução e editor da revista científica especializada
Evolution. É autor, entre outros livros, de Science on Trial: The Case
for Evolution (Ciência em Julgamento: O Caso em Favor da Evolução),
sobre o embate entre o ensino da evolução e do criacionismo, e de
Biologia Evolutiva, uma das principais obras usadas no ensino da
evolução nos cursos universitários brasileiros de Biologia.
Futuyma está no Brasil nesta semana, para uma série de três palestras
da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a convite do programa
de pós-graduação em Ecologia da instituição. A primeira delas, na
terça-feira, foi "A Biologia Evolutiva, 150 anos após a publicação da
Origem das Espécies". A desta quarta teve como assunto "Evolução e o
Ataque à Ciência", sobre o duelo com os criacionistas, e nesta quinta-
feira o tema é "A Evolução de Associações entre Insetos e Plantas
Hospedeiras".
A palestra de terça superlotou a sala de defesa de teses do Instituto
de Biologia da universidade, com estudantes e professores em pé, junto
às paredes e sentados nos corredores para ouvir o cientista fazer um
balanço dos avanços no estudo da evolução biológica ao longo do último
século, principalmente a partir da descoberta do código genético. "Os
genomas não fazem sentido sem a vinculação com a evolução, e hoje
também podemos estudar a influência dos genes na evolução das
espécies", disse ele à platéia. Antes de iniciar a palestra, Futuyma
falou à reportagem do estadao.com.br:
Como está a teoria da evolução hoje, 150 anos depois de sua formulação
inicial?
Mais forte que nunca. Gostaria de começar dizendo algo sobre a palavra
"teoria". Essa palavra é mal compreendida, nos EUA e, talvez, no
Brasil também. Para muita gente, teoria é algo como uma idéia, um
palpite. Em ciência, no entanto, usamos "teoria" de um modo diferente.
Físicos falam em teoria quântica, teoria atômica, e não estão fazendo
especulações vazias. Eles têm muita certeza daquilo que dizem. Em
ciência, "teoria" significa um corpo de explicações que dá conta de
uma ampla gama de observações, e forma um corpo de conhecimento muito
forte. Nos últimos 150 anos, a teoria da evolução cresceu e acumulou
evidências em seu favor. Por exemplo, no tempo de Darwin (Charles
Darwin, autor de "A Origem das Espécies", primeira obra a expor a
teoria da evolução, publicada em 1859) não sabíamos sobre DNA, sobre
genes, não sabíamos como as características passavam dos pais para
filhos. Agora, usamos DNA para entender melhor a evolução, e a
evolução para entender melhor o funcionamento dos genes. Outro
exemplo: Darwin sugeriu, em 1866, que humanos e chimpanzés vinham de
um ancestral comum e agora sabemos, graças ao DNA, que ele estava
certo, porque o DNA humano e dos chimpanzés coincide em mais de 90% .
Como o trabalho de Darwin se sustenta hoje? Muitas vezes, o fundador
de um novo ramo da ciência acaba superado pelo avanço da própria
ciência que ajudou a criar.
Comparado com outros fundadores, Darwin sobrevive muito bem. Claro que
ele não era perfeito, cometeu erros e havia muita coisa que,
simplesmente, não sabia. Mas é notável quantas das suas idéias, quanto
de seus "insights", foram validados. Por exemplo: ele teve problemas
em entender como insetos sociais, como abelhas e formigas, criam
comunidades onde a maioria dos indivíduos trabalha, mas não se
reproduz, já que a evolução prevê que os indivíduos que têm mais
sucesso reprodutivo devem acabar dominando a espécie. Isso parecia um
desafio à teoria da evolução. Ele teve a idéia de que alguns
indivíduos poderiam se sacrificar em favor de outros de parentesco
próximo, na mesma colônia. E hoje esta ainda é a principal explicação,
com muita evidência a seu favor. Claro, ele estava errado em algumas
coisas. Ele tentou criar uma teoria da hereditariedade que estava,
simplesmente, errada. Mas ninguém é perfeito.
Críticos da evolução costumam dizer que a teoria é um raciocínio
circular, já que afirma "a sobrevivência dos mais aptos", mas o único
jeito de saber quem é mais apto é esperando para ver quem sobrevive...
Não se trata de um argumento forte. Os críticos dizem que só dá para
saber quem é o mais apto depois que ele sobrevive. Mas: sabemos que é
possível um tipo de indivíduo ser mais abundante na espécie, mesmo se
não for o mais apto. Esse é um processo puramente aleatório, de
variação dos genótipos (seqüências de DNA) dentro das populações. É um
processo chamado deriva genética. E não é um processo de seleção
natural. Se você olhar para duas populações que começaram do mesmo
jeito, uma delas poderá acabar diferente, por puro acaso, como num
lance de dados. Isso elimina o argumento de que se trata de um
raciocínio circular. Além disso, é possível prever qual organismo se
sairá melhor num determinado ambiente. Em praticamente toda edição da
revista Evolution há um exemplo do tipo, onde pegamos uma
característica de um organismo, prevemos como ela pode ajudar a
sobrevivência em um determinado ambiente, e depois vemos que esse é
exatamente o caso. Não é preciso ser um gênio para entender que se há
dois tipos de bactéria, e um deles é capaz de digerir uma substância e
outro, não, se você colocá-los num ambiente com esse produto, um vai
ganhar e o outro vai perder. Isso é evolução por seleção natural, e
podemos prever seu resultado.
Também há quem diga que não é possível testar a evolução, para saber
se ela está certa ou errada.
Isso também é falso. Vamos pegar a questão da evolução no esquema mais
amplo, que é a proposição de que todos os organismos evoluíram, por
descendência com modificações, de um ancestral comum. Eu e as árvores
lá fora, e as bactérias em meu aparelho digestivo, todos viemos de uma
única forma de vida ancestral que deu origem a toda a variedade atual.
Isso ocorreu ao longo do tempo, a um ritmo determinado, é claro. Não
dá para tirar um mamífero de uma bactéria de uma hora para a outra,
deve haver passos intermediários. Então, entendemos que as formas de
vida mais recentes não podem ter ocorrido muito cedo na história da
evolução. Portanto, se você conseguisse encontrar fósseis de
mamíferos, indisputáveis, de 400 milhões de anos, isso causaria muita
dor e sofrimento, porque os biólogos diriam, não pode ser. Então, essa
é uma observação possível, um teste, que forçaria a uma revisão
completa da teoria da evolução.
O debate entre evolução e criacionismo, se evolução deve ser ensinada
nas escolas, se o criacionismo deveria ser ensinado por professores de
ciências, causa muita polarização, muita polêmica, desencadeia
discussões apaixonadas. A evolução parece ser o único tema, no
currículo de ciências, a provocar reações tão extremas. Por quê?
É precisamente porque as pessoas resistem muito à idéia de que
surgimos por meio de um processo puramente material, a partir de
outras formas de vida. É uma idéia que preocupa. É vista como uma
ameaça à dignidade humana, talvez. E também uma ameaça às crenças
religiosas, porque as crenças religiosas dizem que os seres humanos
são muito especiais, foram deliberadamente criados por um Criador
bondoso que se importa com elas. Enquanto que a explicação científica
para a origem dos seres humanos entra em conflito com esse ponto de
vista. Creio que é por isso que a evolução causa uma reação tão
emocional.
Mas essa ameaça é real? O sentimento humano de ser protegido por um
Criador onipotente está mesmo sob ameaça da teoria da evolução, ou se
trata de um mal-entendido?
Creio que é possível aceitar a evolução totalmente e, ao mesmo tempo,
preservar crenças religiosas e teológicas. E digo isso porque há
milhões de pessoas que fazem isso. Incluindo inúmeros cientistas, que
aceitam a religião, têm sentimentos religiosos, e aceitam as
evidências a favor da evolução, incluindo a evolução da espécie
humana. Um de meus melhores alunos de doutorado, que hoje é um biólogo
evolucionista muito produtivo, é católico devoto e praticante. O papa
anterior (João Paulo II) escreveu um documento dizendo que a evidência
a favor da evolução é tão forte que a teoria deveria ser aceita como
mais que pura especulação. No entanto, o papa disse que isso não
significa que existe uma explicação biológica para a parte mais íntima
do ser humano, a alma. Ele reserva uma parte para a religião. Creio
que muitos líderes religiosos, e muita gente religiosa, não têm
problema nenhum com a evolução. A Igreja Católica tem aceito a
evolução há muito tempo. No entanto, é claro que isso significa que há
certas afirmações específicas na Bíblia que não são literalmente
compatíveis com a evolução. Mas também não são compatíveis com física,
geologia, ou astronomia, ou nenhuma das outras ciências. Se você
acredita que o mundo foi criado em seis dias, ou se acredita que o
mundo foi criado há 100.000 anos, isso não é aceitável para
astrônomos, geólogos ou físicos. Você tem de estar preparado para
reinterpretar os textos religiosos, o que é exatamente o que os
teólogos fazem. Bons teólogos não acreditam que tudo que aparece
escrito nas versões em inglês, em português ou espanhol da Bíblia é
para ser tomado exatamente como verdade literal.
Mas as religiões pararam de perseguir astrônomos há séculos, enquanto
que professores de biologia ainda encontram problemas. A resistência
às novas verdades científicas que vêm da biologia é maior por quê...?
É por causa do conteúdo emocional, eu acho. As pessoas não se
preocupam muito se a física entra em conflito com a Bíblia, mas creio
que, porque são humanas, elas se preocupam com a biologia. Mas eu
gostaria de destacar que são apenas algumas lideranças religiosas, e
algumas pessoas religiosas, que condenam a evolução. Nos países onde a
maioria da população é católica, como Espanha, Portugal, ou na maior
parte da América Latina, não há conflito. O conflito surge onde há
versões fundamentalistas do cristianismo, que tomam a Bíblia
literalmente. Mas isso não é um problema entre as religiões maiores,
majoritárias. Há muitas pessoas que têm crenças religiosas e acreditam
na evolução, incluindo cientistas. Mas elas são cuidadosas em separar
uma coisa da outra. Elas defendem que há coisas que a ciência não deve
fazer, há lugares onde a ciência não deve entrar, por exemplo, na
questão dos valores, da ética, da moralidade, coisas sobre as quais a
ciência não tem nada de útil a dizer, e onde não deveria se meter.
Mas, em compensação, quando se tenta explicar o mundo natural, quando
se tenta explicar as coisas que acontecem na natureza, com animais,
plantas, rochas ou estrelas, ou átomos, a abordagem científica não
pode admitir a religião. É preciso separar e manter separado. Porque
quando se propõe que a ciência aceite explicações religiosas, aí você
tem idéias que não podem ser testadas. Ao postular que algo foi
causado por um ser sobrenatural, ninguém tem a menor idéia de como
determinar se essa é uma explicação verdadeira ou falsa. E se você
pode dizer que um ser sobrenatural é responsável por esse evento em
particular, por exemplo, a origem dos seres humanos, então você pode
dizer que ele é responsável por tudo, pelo terremoto que aconteceu na
China. Gostaríamos de parar de tentar entender os terremotos, porque
alguém disse que há uma causa sobrenatural? A ciência tem de se manter
materialista em suas explicações, o que não significa que a visão de
mundo do cientista tenha de ser materialista. O materialismo não cabe
quando o assunto é amor, ou ética, mas quando tentamos entender o
mundo natural, é essencial.
Mas há conflitos. A ciência pode informar as decisões morais. Para
tomar uma decisão sobre certo e errado, você precisa de fatos, e os
fatos têm de vir da ciência, do método científico.
Certamente. Mas não a decisão sobre o que é certo e errado. A ciência
pode descrever o que ocorre com o óvulo, da fertilização até o
nascimento, e pode dizer, talvez, quando o cérebro se forma, quando o
cérebro está pronto e descrever outros aspectos do desenvolvimento do
embrião, mas a ciência não pode lhe dizer se o aborto é moral ou
imoral.
O uso de células-tronco extraídas de embriões humanos em pesquisas
científicas causa muita polêmica no Brasil. O sr. acha que esse uso
deve ser autorizado?
Minha opinião pessoal quanto a isso não tem mais peso que a de
qualquer outra pessoa. Porque é só isso, a minha opinião. Se eu
responder a essa pergunta, será uma resposta baseada em meus valores
pessoais, não uma resposta científica. Eu sou um cientista, e não
posso fazer uma afirmação científica sobre esse assunto. Posso falar
sobre as conseqüências científicas de certas linhas de pesquisa. Posso
dizer que, se tal e tal pesquisa for feita... e eu não sou um
especialista em células-tronco, mas um biólogo com mais conhecimento
dessa área poderia dizer... que se as pesquisas forem feitas, tal e
tal tecnologia médica poderia se tornar viável . Mas esta seria uma
declaração científica, que não é a mesma coisa que uma declaração de
certo e errado. Certo e errado não pode ser uma afirmação científica.
Se o Brasil vier a viver uma radicalização como a que existe nos EUA
em torno do ensino da evolução e do criacionismo, qual seria seu
conselho aos cientistas e professores brasileiros?
Meu conselho seria que os cientistas venham a público, que tentem
educar a população sobre essas questões. Eles têm de tentar explicar a
diferença entre uma abordagem científica e uma abordagem não
científica. Eles têm de tentar explicar às pessoas que dependemos da
ciência para avanços tecnológicos com muitos resultados práticos. E
essas aplicações não podem ser mais fortes do que o entendimento
básico de ciência que temos a respeito do mundo natural. Os cientistas
tem de enfatizar que os benefícios da ciência só virão se ensinarmos
às pessoas como avaliar evidências. Em ciência, sempre que alguém faz
uma afirmação, a resposta é: qual a sua evidência? Em ciência, suas
afirmações são tão fortes quanto a evidência que se apresenta.
Portanto, não podemos admitir uma afirmação para a qual não ha
evidência concreta. É preciso que todos os cientistas tentem explicar
às pessoas qual é a natureza da ciência, e manter a ciência separada
da religião. Não para fazer pouco caso da religião. As pessoas têm sua
liberdade de crença religiosa, mas precisam entender que isso tem de
ficar do lado de fora da aula de ciências. Assim como a ciência deve
ficar fora dos ensinamentos das igrejas sobre moralidade. Creio,
ainda, que os cientistas devem fazer todo o esforço para contestar as
alegações feitas por criacionistas. Então, se houver algum
criacionista, algum defensor do design inteligente (movimento que
propõe que a vida é complexa demais para ter surgido por meios
estritamente naturais), alguma figura religiosa que vá à televisão
para fazer alegações falsas sobre a evolução, então os cientistas
devem procurar o canal de TV, a revista, ou o veículo que for, e
dizer, não, isso é errado, não é o que entendemos do ponto de vista
científico, e aqui está o que é correto, e eis o porquê. Meu outro
conselho seria: não crie uma oposição entre ciência e religião. Há
algumas pessoas no meu campo que são ateus bem agressivos. Você talvez
já tenha ouvido falar em Richard Dawkins (biólogo britânico que
defende a incompatibilidade entre ciência e religião. Seu livro mais
recente é Deus, um Delírio)?
O senhor acha que a participação de cientistas, principalmente
biólogos, em movimentos de difusão do ateísmo acaba prejudicando os
esforços em favor do ensino das ciências?
Creio que, provavelmente, sim. E a razão disso é: se você diz às
pessoas que elas devem escolher entre ciência e religião, que é
impossível ter os dois, então as pessoas vão escolher a religião. Por
quê? Porque traz mais satisfação emocional. Religião satisfaz
necessidades muito profundas de muita gente. Negar às pessoas o
conforto dessas crenças é muito contraproducente e, eu diria, muito
cruel. Minha mensagem para os cientistas, então, seria: reconheçam a
humanidade das pessoas. Tentem mostrar a elas que é possível conciliar
o ponto de vista científico com o religioso, em vez de criar uma
dualidade. Mas é claro que muitos religiosos, principalmente
evangélicos fundamentalistas, insistem nessa dualidade. Insistem que é
preciso escolher.
Escolas adotam criacionismo em aulas de ciências
Simone Iwasso e Giovana Girardi
Polêmicos nos Estados Unidos, onde são defendidos por movimentos religiosos como mais do que explicações baseadas na fé para a criação do mundo, o criacionismo e o design inteligente se espalham pelas escolas confessionais brasileiras - e não apenas no ensino religioso, mas nas aulas de ciências. Escolas tradicionais religiosas como Mackenzie, Colégio Batista e a rede de escolas adventistas do País adotam a atitude de não separar religião e ciência nas aulas, levando aos alunos a explicação cristã sobre a criação do mundo junto com os conceitos da teoria evolucionista. Algumas usam material próprio.
Outros trabalham com livros didáticos da lista do Ministério da Educação e acrescentam material extra. "Temos dificuldade em ver fé dissociada de ciência, por isso na nossa entidade, que é confessional, tratamos do evolucionismo com os estudantes nas aulas de ciências, mas entendemos que é preciso também espaço para o contraditório, que é o criacionismo", defende Cleverson Pereira de Almeida, diretor de ensino e desenvolvimento do Mackenzie.
O criacionismo e a teoria da evolução de Charles Darwin começam a ser ensinados no colégio entre a 5ª e 8ª séries do fundamental. Na hora de explicar a diversidade de espécies, por exemplo, em vez de dizer que elas são resultados de milhares de anos do processo de seleção natural, se diz que a variedade representa a sabedoria e a riqueza de Deus.
No Colégio Batista, em Perdizes (SP), o entendimento é semelhante. "Ensinamos as duas correntes nas aulas e deixamos claro que os cientistas acreditam na evolução, mas para nós o correto é a explicação criacionista. O importante é que não deixamos o aluno alienado da realidade", afirma Selma Guedes, diretora de capelaria da instituição.
A polêmica está no fato de os colégios ensinarem o criacionismo e o design inteligente não como explicações religiosas, mas como correntes científicas que se contrapõem ao evolucionismo. Nos EUA, a polêmica parou na Justiça. Em 2005, tribunais da Pensilvânia decidiram que o design inteligente não era ciência, recolocando Darwin nas escolas. No Brasil, onde o debate não é tão acirrado, esse tipo de ensino tem despertado dúvidas sobre a validade na preparação dos alunos. Os conteúdos de ciências exigidos em concursos e vestibulares são baseados em consensos de entidades científicas, que defendem a teoria da evolução.
Já nos cerca de 2 mil colégios católicos, segundo dados da Rede Católica de Educação, não há conflitos entre fé e teoria evolucionista. No material usado por cerca de cem colégios do País, as aulas de ciência trazem a teoria da evolução e explicam o papel de Darwin.
sábado, 6 de dezembro de 2008
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
TJ-MG CONDENA PASTOR QUE DEMOLIU CASAS
Publicidade A 1ª Câmara do TJ-MG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais)
condenou um pastor a dois anos, oito meses e 12 dias de reclusão em
regime semi-aberto por ter demolido, sem autorização, três casas em
Belo Horizonte para construir um estacionamento da Igreja Universal do
Reino de Deus. A pena, no entanto, foi substituída por pagamento de
multa e prestação de serviços à comunidade.
Segundo informações do processo, em um fim de semana de agosto de 2005
foram feitas as demolições. Os imóveis eram protegidos por atos
administrativos de inventário e registro documental pelo Conselho
Deliberativo do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte. Na época, as
casas estavam sendo analisadas para tombamento.
O pastor, também co-fundador da igreja, foi condenado com base em
dispositivos da Lei 9.605/98, que diz que é crime "destruir,
inutilizar ou deteriorar bem especialmente protegido por lei, ato
administrativo ou decisão judicial".
O pastor e a igreja, também denunciada pelo Ministério Público, haviam
sido absolvidos em primeira instância. Na segunda instância, os
desembargadores do TJ de Minas excluíram a igreja do processo. Os
desembargadores entenderam que não é juridicamente viável a
responsabilização penal da igreja pelo crime a ela atribuído — punido
com a pena privativa de liberdade.
Em sua defesa, o pastor alegou que desconhecia a proteção que recaía
sobre as casas destruídas. Em uma parte de seu depoimento, no entanto,
ele confessou que chegou a receber uma notificação do Departamento de
Obras do município para que se abstivesse de demolir os três imóveis
sem a necessária autorização, sob pena de multa.
A relatora do processo, desembargadora Márcia Milanez, considerou que
a alegação de desconhecimento é descabida, porque ficou comprovado que
a igreja se fez representar em diversas reuniões nos órgãos da
prefeitura responsáveis pela preservação do patrimônio cultural.
Além disso, a igreja já sabia das restrições em relação aos imóveis no
momento em que firmou o contrato de compra e venda, tendo recebido,
posteriormente, notificações acerca da proteção das casas.
A desembargadora lembrou que as casas estavam em processo de
tombamento e que a simples circunstância de formalização não ter sido
finalizada antes da demolição não afasta a proteção a que os imóveis
faziam jus. A relatora lembrou ainda que o acusado afirmou em juízo
que optou voluntária e intelectualmente por descumprir as
notificações, assumindo os encargos e ônus, que ele julgou serem
apenas a de cobrança de multa.
Para a magistrada, outra prova do crime seria o fato de as demolições
terem sido feitas em um fim de semana, "na surdina", surpreendendo as
autoridades municipais. "Não se pode esquecer a impertinência, em um
Estado laico, de que o fornecimento de um espaço para a simples
comodidade dos usuários de determinada instituição religiosa seja mais
importante do que a proteção do patrimônio cultural brasileiro".
Os desembargadores do tribunal mineiro não fixaram um valor para a
reparação dos danos, porque eles são objeto de uma ação civil pública
movida pelo Ministério Público.
Processo nº: 1.0024.05.817111-7/001 [i]
http://ultimainstancia.uol.
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Mito 4: Ateus não podem saber que não existe um deus, já que não podem provar que não existe.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
MÍDIA SE CALA SOBRE ACORDO COM O VATICANO
O Observatório da Imprensa exibido na terça-feira (25/11) pela TV
Brasil e pela TV Cultura discutiu a cobertura dos meios de
comunicação sobre o acordo firmado no dia 13 de novembro entre o
governo brasileiro e a Santa Sé, assinado durante a recente visita do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Vaticano. A mídia ofereceu
pouco espaço ao acordo, que pode ferir o princípio do Estado laico. O
tratado, que confere formato jurídico às relações entre o Executivo
Brasileiro e a Igreja Católica, tem pontos polêmicos.
O acordo prevê, por exemplo, o ensino religioso nas escolas públicas,
com presença facultativa, e a possibilidade da anulação do casamento
civil no caso o matrimônio religioso ser desfeito. Participaram do
debate ao vivo, no estúdio do Rio de Janeiro, o reverendo Guilhermino
Silva da Cunha, pastor da Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro, e
a pesquisadora e professora da USP Roseli Fischmann. Em Brasília,
participou o representante da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB), Hugo Sarubbi Cysneiros.
No editorial que inicia o programa, o jornalista Alberto Dines
classificou a atuação da mídia como "embargo noticioso ou
autocensura". O acordo foi mantido sob sigilo porque infringe o
espírito e a letra da Constituição Federal. Além de os jornais não
terem dado destaque à assinatura do acordo, a mídia eletrônica
evangélica não protestou. Na avaliação de Dines, os grupos
evangélicos têm sido privilegiados pelo governo de outras
formas. "Significa que no lugar de seguir a Constituição e
estabelecer completa separação entre estado e religião, o Brasil
inventou uma forma original de administrar o conflito religioso,
oferecendo vantagens às confissões religiosas mais poderosas",
avaliou.
"E como ficam os secularistas e agnósticos que acreditam que um
estado democrático deve ser obrigatoriamente laico? E as outras
confissões religiosas afro-brasileiras, como o candomblé, não
deveriam entrar no bolo de privilégios? Estamos na contramão do mundo
desenvolvido e nossa imprensa, esquecida dos três séculos de censura
absoluta antes de ser autorizada a funcionar, teve um surto de
saudosismo e voltou a experimentar as delícias da autocensura",
criticou o jornalista.
Na reportagem exibida antes do debate ao vivo a repórter especial da
Folha de S.Paulo, Elvira Lobato, estudiosa das questões que envolvem
as concessões de radiodifusão no Brasil, explicou que o Código
Brasileiro de Telecomunicações é da década de 1960. A norma não
permite que denominações religiosas detenham concessões canais de
rádio e TV mas, na prática, grande parte das igrejas conseguem burlar
a lei. Algumas não são concessionárias, mas arrendam o espaço em
emissoras privadas o que "para efeito de mercado dá no mesmo" porque
levam a mensagem ao fiel. Já o fenômeno do altar eletrônico, que vêm
crescendo continuamente, passou a ser uma importante fonte de renda
para as emissoras privadas.
Igreja Católica, um tabu para a imprensa
No debate ao vivo, Roseli Fischmann comentou que a imprensa tem
demonstrado dificuldade de tratar do acordo. A professora relembrou
que em maio de 2005, durante a visita do Papa Bento XVI, mesmo com o
posicionamento crítico em relação ao tema, publicando forte editorial
em prol do estado laico e contra o sigilo que vinha cercando a
negociação, a Folha de S.Paulo abriu espaço para a Igreja Católica
manifestar-se a cada nova polêmica, como também os defensores do
estado laico, o que favoreceu o debate no jornal e na sociedade.
Roseli comentou que embora fossem poucos os veículosa que tivessem se
envolvido nesses momentos, imprensa trouxe importantes vitórias para
a cidadania ao mobilizar a sociedade na discussão da implantação do
feriado nacional por conta da canonização de frei Galvão, que foi
rejeitado pela Câmara dos Deputados depois de aprovado no Senado,
exatamente por esse debate público; e sobre um projeto ligado ao
ensino religioso nas escolas paulistas, vetado pelo governador José
Serra, depois de aprovado na Assembléia Legislativa de Sâo Paulo.
Dines pediu ao representante da CNBB esclarecer se a Constituição
brasileira é secularista. Hugo Sarubbi Cysneiros comentou que a Carta
Magna invoca Deus em seu preâmbulo, mas é laica. O Estado não é ateu
nem professa uma religião específica. O advogado ressaltou que o
projeto de acordo entre a Santa Sé, como pessoa jurídica de Direito
Internacional Público, e o Estado brasileiro não privilegiou a Igreja
Católica, mas respaldou o estatuto jurídico desta religião.
O Estado brasileiro vê no laicismo positivo "um caminho" e reconhece
na religião e na crença "algo que faz parte do ser humano" e que pode
ser exercitado pelos cidadãos como um Direito. Dines ponderou que a
citação a Deus no preâmbulo da Constituição não chegou a ser uma
profissão de fé religiosa, foi apenas uma intervenção pessoal do
então presidente José Sarney. Não comprometia o caráter secular que
previa a separação entre o Estado e as crenças religiosas.
O acordo é constitucional?
O reverendo Guilhermino Silva da Cunha acredita que a separação entre
Igreja e Estado é "absolutamente saudável" e preserva a liberdade
religiosa. De acordo com o religioso, esta separação foi preconizada
pelo próprio Jesus Cristo na Bíblia, ao dizer, por exemplo, "meu
reino não é deste mundo" entre outras passagens. O pastor afirmou que
os dois Estados que celebraram o acordo envolvendo apenas uma
expressão religiosa atacam frontalmente a Constituição no Artigo 19
porque este proíbe alianças entre o governo e cultos religiosos ou
igrejas. "A celebração do acordo fere nosso diploma legal maior. Não
apenas agride as expressões religiosas, como também fere a
Constituição", criticou. O reverendo tem esperanças de que o
Congresso Nacional não referende o acordo.
"Mesmo que existisse um único cidadão de outra religião ou ateu ele
teria todo o Direito de exercer sua escolha", disse Roseli Fischmann.
O Estado laico tem o dever de preservar o Direito de todos
independente do número de pessoas que optem por determinada crença. A
professora frisou que o Brasil apresenta um grande pluralismo
religioso e que, por isto, é inaceitável um acordo internacional com
uma única religião. Neste caso, as demais estão sendo preteridas. "O
Estado precisa proteger para que todos se sintam respeitados",
avaliou.
Dines comentou que a Santa Sé queria "abafar" o acordo sem
a "oxigenação de uma sociedade democrática". O representante da CNBB
não concorda que a sociedade tenha sido ludibriada nem que a Igreja
seja manipuladora. "O sigilo não foi a bandeira, não foi o meio nem o
fim do tratado". O advogado considera que falar em sigilo de um
tratado internacional em um país com as características do Brasil é
um contra-senso porque a sociedade pode examinar o teor do acordo
quando este é submetido ao Poder Legislativo. Cysneiros destacou que
a Constituição Federal fala de Deus em outros artigos, não só no
preâmbulo.
O silêncio da mídia como sintoma
O advogado da CNBB disse que o tratado não foi firmado com a Igreja
Católica e sim com a Santa Sé, que é um Estado soberano. Se, por
questões históricas, as outras religiões não têm personalidade de
Direito Internacional Privado, não há como estas celebrarem tratados
internacionais. Para Cysneros não há privilégio da Igreja Católica em
detrimento de outras religiões e o acordo não é inconstitucional.
O tratado é claro e dá estatutos à Igreja Católica no Brasil partindo
de dois princípios: o respeito à Ordem Constitucional e ao Estado
brasileiro e a isonomia entre todas as entidades de igual natureza.
Dines argumentou que a Santa Sé é um Estado soberano, mas que é
teocrático e funciona com regras específicas. O silêncio da mídia é
conivente na opinião do reverendo Guilhermino Silva da Cunha, pastor
da Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro. "Quando acontece o
silêncio significa que há algum entendimento ou alguma coisa
diferente e estranha", avaliou.
Um telespectador perguntou a Roseli Fishmann sobre o ensino religioso
nas escolas. A professora explicou que muitas vezes confunde-se o
papel das instituições. Principalmente em tempos de violência, quando
se considera que o ensino de religião pode combater a criminalidade.
A questão da religião é vinculada à consciência de cada indivíduo. Já
a escola deve preparar as crianças para respeitar os indivíduos como
cidadãos livres e iguais sem precisar recorrer a qualquer figura
sobrenatural.
A questão das concessões de rádio e TV
Para o reverendo Guilhermino Silva da Cunha, a presença das demais
igrejas na mídia não é diferente da presença da Igreja Católica. O
pastor não é contra a entrada das igrejas na mídia televisiva, mas
reprova o excesso. Como o telespectador tem o poder de mudar de
canal, o grande número de programas religiosos não chega a ser "uma
invasão". O pastor ressaltou que todas as igrejas pagam altos valores
tanto para alugar tempo nos canais privados quanto para manter uma
concessão. Na visão do reverendo, a existência de um canal de
televisão que ganhe força e vire uma rede em todo o país cria um
contra-ponto ao monopólio da comunicação, que é "um desastre".
Dines pediu a opinião de Roseli Fischmann sobre o "gerenciamento de
privilégios" no Brasil. A professora ressaltou a laicidade como o
fundamento da democracia no país: "Não existe democracia se as
pessoas não estiverem todas igualadas". As minorias religiosas são
uma das faces visíveis do pluralismo, que é essencial para a
democracia. O Estado não pode ser nem ausente nem omisso para as
minorias "não se encolherem e deixarem o campo público". Se um
determinado grupo é privilegiado, as minorias tendem a se retrair.
Perfil dos convidados
Hugo Sarubbi Cysneiros é advogado da Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB). É professor das disciplinas de Sistemas de Direito
Comparados e de Direito Internacional Público do UniCeub/DF.
Roseli Fischmann é pesquisadora e professora, coordena a área de
Filosofia e Educação da Pós-Graduação em Educação da USP e o Grupo de
Pesquisa Discriminação, Preconceito, Estigma da universidade.
Integrou a Comissão Especial sobre Ensino Religioso do Estado de São
Paulo.
Rev. Guilhermino Silva da Cunha é pastor da Catedral Presbiteriana do
Rio de Janeiro. Doutor em Ministério pelo Reformed Theological
Seminary (Estados Unidos) e Doutor Honoris Causa pela Universidade
Presbiteriana Mackenzie. Foi presidente do Supremo Concílio da Igreja
Presbiteriana do Brasil.
***
Barriga coletiva ou autocensura?
Alberto Dines # editorial do programa Observatório da Imprensa na TV
nº 487, no ar em 25/11/2008
O que é um "furo" no jargão jornalístico? É uma informação
exclusiva. "Barriga" é o contrário: quando um jornal ou jornalista
deixa de dar ou deturpa uma notícia. Não existe um termo específico
para uma situação insólita, a barriga coletiva, quando o conjunto de
veículos esconde uma informação.
Esse embargo noticioso ou autocensura aconteceu há pouco, em 12 e 13
de novembro, quando o presidente Lula foi a Roma assinar um acordo
com o Vaticano. Como esta concordata infringe o espírito e a letra da
carta magna, governo e mídia acharam perfeitamente natural manter
este acordo sob sigilo.
E como se explica a ausência de protestos da mídia eletrônica
evangélica? Simplesmente porque a mídia eletrônica evangélica tem
sido privilegiada pelo governo de outras formas. Significa que no
lugar de seguir a constituição e estabelecer completa separação entre
estado e religião, o Brasil inventou uma forma original de
administrar o conflito religioso, oferecendo vantagens às confissões
religiosas mais poderosas.
E como ficam os secularistas e agnósticos que acreditam que um estado
democrático deve ser obrigatoriamente laico? E as outras confissões
religiosas afro-brasileiras, como o Candomblé, não deveriam entrar no
bolo de privilégios?
Estamos na contramão do mundo desenvolvido e nossa imprensa,
esquecida dos três séculos de censura absoluta antes de ser
autorizada a funcionar, teve um surto de saudosismo e voltou a
experimentar as delícias da autocensura.
Ateus estão cada vez mais fortes
Os não crentes estão a organizar-se para fazer frente ao poder das religiões .
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Em Janeiro de 2008 os autocarros londrinos apresentavam uma campanha no mínimo diferente. Os cartazes diziam "Provavelmente não existe Deus. Por isso pára de preocupar-te e aproveita a vida.". A primeira campanha publicitária ateia do Reino Unido foi financiada por doações de contribuites anónimos, uma colecta que foi superior às expectativas, nos primeiros dois dias recolheram 65.000 euros para custear a publicidade.
Esta semana é a vez de Washington nos Estados Unidos estrear uma campanha ateia. Os ateus são cada vez mais um grupo organizado e com voz própria. Mas na América não é fácil assumir que se nega a existência de Deus. O biólogo Richard Dawkins afirmou mesmo que "a situação dos ateus hoje em dia na América é comparável com a dos homosexuais há 50 anos". O seu ensaio “O espelhismo de Deus” vendeu 1,5 milhões de exemplares.
Os 10 Maiores Mitos sobre o Ateísmo - Parte 3
O ateísmo não é uma teoria científica, é apenas a falta de religião*. Nós acreditamos na ciência,e que todas estas questões serão respondidas no futuro através da ciência. Por enquanto está funcionando, nos dando teorias como a da evolução, dos movimentos geológicos, e o Big Bang, e tudo isto baseado em evidências, mas não obrigatoriamente endossados por todos os ateístas.
O criacionismo não nos dá todas as respostas também. Além disso, ele escolhe que questões responder, e desencoraja as outras. Os teístas relutam em discutir de onde veio deus, e o que ele fazia antes da criação. Eles se recusam a dar resposta às inúmeras inconsistências bíblicas, ou às incríveis injustiças no mundo, já que sabem que não existem tais respostas. Eles no máximo respondem que "essas são coisas que os humanos não conseguem entender completamente", ou que " deus opera de maneiras misteriosas". Por fim, a religião não responde tantas questões, com levanta.
*Nota do tradutor: Novamente o autor coloca o ateísmo como falta de religião. Mas vale frisar que o ateísmo é a falta de crença em qualquer tipo de deus.
domingo, 30 de novembro de 2008
Criacionismo no Mackenzie
FOLHA DE S. PAULO - SP
Colégio prega idéia de origem religiosa em aula de ciências
O Instituto Presbiteriano Mackenzie abrange uma universidade e uma
escola das mais tradicionais de São Paulo. Só na unidade paulistana do
colégio há mais de 1.800 alunos. Seu campus no quarteirão ladeado pela
avenida da Consolação e pela rua Maria Antônia é um ponto de
referência na cidade.
Talvez poucos se dêem conta de que se trata de um estabelecimento
confessional de ensino. Isso está bem explícito no nome da
instituição, porém. Agora o Colégio Mackenzie é também, oficialmente,
criacionista.
Criacionismo é a doutrina segundo a qual Deus criou o mundo com todas
as espécies que existem hoje. Isso contradiz a explicação darwinista
para a diversidade biológica, fruto da evolução por seleção natural.
Inúmeras observações comprovam postulados centrais do darwinismo, como
a ascendência comum (todas as espécies provêm de um ancestral único).
O fato de o DNA ser a molécula da hereditariedade em todas elas é a
melhor prova desse princípio. Os primeiros seres vivos da Terra
"inventaram" essa maneira de transmitir características de uma geração
a outra, há cerca de 4 bilhões de anos, e ela se perpetuou desde então.
A direção do Mackenzie não nega os avanços da biologia trazidos pelo
darwinismo, mas acredita que é preciso opor-lhe o contraditório. Em
outras palavras: ensinar a seus alunos que há outra explicação, de
fundo religioso, para a origem das espécies.
Quase 200 anos depois de Charles Darwin (1809-1882) e 150 após a
publicação de sua grande obra, "Origem das Espécies", os educadores do
Mackenzie aceitam só o que chamam de "microevolução" (organismos se
adaptam a novas condições do meio).
Não, porém, a "macroevolução" (tal adaptação não seria suficiente para
originar novas espécies, em verdade criadas por Deus).
A doutrina criacionista não é apresentada somente nas aulas de
religião, mas igualmente nas de ciências. Em 2008 foi usada nos três
primeiros anos do ensino fundamental 1, ainda em fase piloto, uma
série de apostilas traduzidas e adaptadas de material da Associação
Internacional de Escolas Cristãs (ACSI, na abreviação em inglês), com
sede no Colorado, nos Estados Unidos.
A coleção utilizada com crianças de 6 a 9 anos se chama Crescer em
Sabedoria. Na capa do volume do terceiro ano estava estampado
"Ciências - Projeto Inteligente".
É uma alusão ao argumento do "design inteligente": a natureza é tão
complexa e os organismos tão perfeitos que só o desígnio de um
arquiteto (Deus) pode ter sido responsável por sua criação. "Quando
Deus formou a Terra, criou primeiro o ambiente. Criou elementos não
vivos, como o ar, a água e o solo. Depois, Deus criou os seres vivos
para morarem nesse ambiente", afirma-se na pág. 10. O item 2.1 do
volume se chama "O plano de Deus para os ambientes".
Pode ser lido na pág. 17: "Deus projetou as cores e as formas de cada
animal e o colocou em um ambiente que era perfeito para eles [sic].
Quando um animal usa suas cores ou formas para se esconder em seu
ambiente, dizemos que ele está camuflado".
A direção do Mackenzie justifica a omissão da evolução por seleção
natural, nessa apostila de ciências, dizendo que se trata de conteúdo
previsto apenas para o ensino fundamental 2. Além disso, o material da
fase piloto de 2008 foi revisto e a ênfase religiosa, atenuada, mas
não excluída.
Darwin, todavia, continua de fora.
Só uma dúzia de pais reclamou.
MARCELO LEITE é autor de "Ciência - Use com Cuidado" (Editora da
Unicamp, 2008) e de "Brasil, Paisagens Naturais -Espaço, Sociedade e
Biodiversidade nos Grandes Biomas Brasileiros" (Editora Ática, 2007).
Blog: Ciência em Dia (cienciaemdia.folha.blog.uol.
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
Os 10 Maiores Mitos sobre o Ateísmo - Parte 2
Mito 2: Ateístas não tem moral, já que eles não acreditam em Deus
Que mundo triste é este em que pessoas afirmam que os humanos precisam temer a danação eterna para fazer o bem. Esta é uma afirmação que deixa a maioria dos ateus com raiva e pena; raiva pois isto é uma afirmação preconceituosa que só serve para promover a intolerância, e pena pois demonstra a ignorância de quem afirma isto , e a vontade de aceitar tamanha besteira.
Correndo o risco de validar tal questão, a resposta precisa ser dada de maneira a expor a idéia de que ele ouviu é errado de várias maneiras. Não tem que ser respondida com raiva, e sim com compaixão.
As noções do certo e errado vem seus próprios cérebros, assim como de sua criação e da sociedade. Ateístas fazem o bem, não por conta do medo ou da repressão, mas porque é o certo a ser feito.
Nós valorizamos a família, a sociedade, a cultura, e é claro, a liberdade. Muitos defendem esses valores com a própria vida. Exemplos:
Os 10 Maiores Mitos sobre o Ateismo - Parte 1
PHNunzio: Começo agora a expor uma série de mitos sobre o ateismo, catálogados por Dave Silverman, membro da America Atheist. Para o texto original, na integra, visite: http://humanists.net/avijit/article/top_10_atheist_myths.htm
por Dave Silveran
Traduzioi por PHNunzio
Como eu disse muitas vezes, o propósito desta coluna não é promover uma rixa entre ateístas e teístas, e sim promover um entendimento e tolerância.
De qualquer maneira, como todos nós sabemos, muitos teístas tem tamanho preconceito conosco que nem se permitem trocar idéias e procurar nos entender. E isso geralmente não é culpa deles, já que sempre foram ditas coisas terríveis sobre o ateísmo pelas pessoas nas quais eles confiam, como os padres e pastores.
É este preconceito e intolerância, uns dos principais fatores que mantém muitos ateístas "no armário", e os teístas na ignorância. Com diálogo, e sem preconceito, ambos os lados se beneficiarão e o pais será um lugar mais livre. Neste artigo, mostrarei alguns dos mitos mais populares sobre o ateísmo, assim como suas respostas. Com alguma sorte, isto irá preparar os ateístas para futuros embates, e deixá-los mais confiantes em se expor como ateístas, assim como permitir para os teístas entenderem um pouco mais sobre a mentalidade ateísta.
Mito 1: Ateístas são todos iguais
Você pode entender porque os teístas acreditam nisto, depois disto ser dito inúmeras vezes por seus pastores. Esta crença é reforçada pelo fato de que suas crenças dependem muito mais do que simplesmente acreditar em um Deus. Por exemplo, os católicos precisam também ter a mesma posição acerca do aborto, métodos contraceptivos e homossexualidade, para poderem ser chamados de católicos praticantes. Portanto na mente deles, no ateísmo isto deve ser similar.
Contudo, ateísmo não é uma religião, e sim a ausência de religião*, Como resultado, nós só nos ligamos no fato de sermos ateus. Nós somos republicanos e democratas, homens e mulheres, hétero e homossexuais, brancos e negros. Aceitamos todas a pessoas como iguais, e apreciamos a diversidade (não são muitos os religiosos que podem dizer isto). Nós não discordamos em muitos assuntos, e as discussões são comuns e encorajadas. Acima de tudo, os ateístas querem o direito a discordar, mesmo que seja um do outro.
*nota do tradutor: Apenas para deixar claro, ateísmo não é apenas a ausência de religião e sim a ausência da crença em um deus, seja ele do tipo que for, pessoal ou não.
Intolerância religiosa
BOSTON – No Brasil, quando não se pretende resolver um problema, por mais sério que seja, recorre-se à solução máxima: criar uma lei nova.
A história mostra que há lei “que pega” e lei que “não pega”. Na maioria, as leis não pegam, não são respeitadas, não têm aplicação, simplesmente são ignoradas. Aliás, os primeiros a ignorar algumas leis são entidades governamentais, em todos os níveis.
Agora, o governo anunciou que vai enviar ao Congresso Nacional um projeto de lei estabelecendo punições rigorosas contra o que chamou de “intolerância religiosa”.
Será, fatalmente, mais uma lei fadada ao desrespeito, ao esquecimento, ao ridículo.
Ora, a intolerância religiosa no Brasil é um problema cultural, incentivado pelos governantes.
O Brasil não saiu, ainda, da Idade Média no que se refere ao assunto religioso. Para chegar mais próximo, vive-se, ainda, os tempos do regime imperial, às eras do “boa vida” Pedro I, ou do “sonso” Pedro II.
Confunde-se a Igreja com o Estado, apesar de, formalmente, haver disposição constitucional pregando que o Brasil é um Estado laico. Em linguagem mais simples: é um pais em que deveria haver total e absoluta separação entre o Estado e as Igrejas ou credos religiosos.
No entanto, ninguém manda mais no Brasil do que a Igreja Católica. Sequer as outras igrejas cristãs, como Evangélicas, Protestantes ou suas variações são consideradas.
O que justifica, por exemplo, que entre os muitos feriados, a maioria, ou grande parte deles, se refiram aos chamados ‘Dias Santos” instituídos pelos católicos? Pune-se quem não é católico, quem professa outra religião, mas fica impedido de exercer suas atividades, abrir sua loja ou manter funcionando sua indústria, sob pena de, se o fizer, ficar sujeito às multas e a pagar horas extras aos empregados.
Fala-se em acabar com o abuso, como bravateou o presidente Lula, recentemente, prometendo uma nova lei para punir com rigor o intolerantismo religioso.
Todavia, no mesmo dia, leu-se notícia informando que a Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei tornando obrigatória a existência de, pelo menos, um exemplar da Bíblia nas bibliotecas públicas.
Ora, por que somente o livro dito sagrado dos cristãos deve existir em todas as bibliotecas? Por que não se estabelecer uma equanimidade, tornando obrigatório que as bibliotecas tenham os ditos livros sagrados dos muçulmanos, dos judeus, dos hindus, dos umbandistas e de outras religiões, credos ou seitas?
Aliás, o melhor seria que não houvesse a compulsoriedade da presença de quaisquer livros ditos sagrados em bibliotecas.A intolerância religiosa, para ser exato, não ocorre somente quando são praticados atos hostis contra religiões ou seguidores de quaisquer religiões.
Há intolerância, inadmissível e inexplicável, quando o próprio Estado se encarrega de privilegiar determinada igreja ou seita, como ocorre no Brasil com as regalias e poderes conferidos à Igreja Católica.
Como justificar, por exemplo, que em recintos públicos, como ocorre em quase todos eles, inclusive em gabinetes de governantes, tribunais e casas do Congresso, existam crucifixos?
O crucifixo é um símbolo cristão. É uma alegoria daquilo que os cristãos pregam ter sido a forma como Jesus Cristo teria sido morto. Enfim, é uma insígnia do que teria sido a imolação daquele que, na visão cristã, seria o filho de Deus, ou o próprio Deus.
Há uma intolerância religiosa, no caso, considerando-se que outras religiões não aceitam o símbolo cristão, de igual forma como não admitem a divindade de Jesus Cristo, ou a sua condição de ser o próprio Deus. Mas, são obrigadas a conviver com o emblema cristão em recintos governamentais.
A se pretender acabar com a intolerância, obviamente, o símbolo cristão não deveria estar afixado em entidades públicas, em respeito à separação que constitucionalmente existe entre a Igreja Católica e o Estado brasileiro. No máximo, admitir-se-ia que também fossem expostos os emblemas significativos de outras religiões ou seitas, ou que evoquem divindades ou assemelhados.
Antes, portanto, de pretender acabar com a intolerância religiosa através da mágica de uma nova lei, que certamente vai repetir aquilo que a Constituição já diz, o mais correto seria que o exemplo partisse do Estado, evitando-se que fossem manifestadas preferências ou simpatias pelo cristianismo, ou pelo catolicismo. Ou, se for o desejo da maioria, que se mude a Constituição, acabe-se com o laicismo e se estabeleça um Estado Teocrático. Quem sabe se o Brasil tiver como autoridade suprema um Cardeal, ou mesmo o Papa, consiga as benções divinas que permitam melhorar a vida de todos?
Mas, enquanto não se faz a mudança, enquanto o Estado foi laico, deveria o governo impedir que os padres e outros sacerdotes católicos, ou as entidades que os representam, interfiram, palpitem ou pretendam impor regras a serem observadas pelo Estado e pela nação em geral, como se ainda estivéssemos nos tempos em que se confundia a figura do governante com a do dirigente religioso cristão.
É falacioso o argumento usado com freqüência, procurando justificar a preferência e os privilégios deferidos à Igreja Católica, dizendo que há uma tradição cristã, ou que a maioria da população é cristã ou católica.
A intolerância, a ser extinta, ou pelo menos mitigada, deveria evitar que algumas religiões ou seitas sejam privilegiadas, por representar a maioria do povo, em detrimento das minorias que merecem respeito.
Sexta-feira, 28 de novembro de 2008
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Neurocientista sofre derrame e ajuda seu cérebro na recuperação
Ela é neuroanatomista, e ganhou nova perspectiva sobre o cérebro.
Um coágulo no hemisfério esquerdo (ligado à razão) do seu cérebro provocou um derrame. Assim, ela teve de contar apenas com o hemisfério direito (associado ao pensamento simbólico e à criatividade) em um processo de recuperação que partiu da estaca zero. Quando a mãe da cientista — uma ex-professora de matemática — tentou ensinar o que era 1 + 1, ouviu como resposta: “O que é 1?”.
Visite o site da revista Galileu
Passados 12 anos, uma cirurgia arriscadíssima e muita terapia, Jill voltou a dar aulas — na Faculdade de Medicina da Universidade de Indiana — e diz que já recuperou todos os seus arquivos de memória. Essa experiência rendeu o recém-lançado livro “A Cientista que Curou Seu Próprio Cérebro” (Ediouro) e a escolha pela revista “Time” como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo em 2008. Leia a conversa da doutora com a revista Galileu.
Pergunta - Passados 12 anos desde o derrame, você acredita que já tenha reaberto todos os seus arquivos mentais? Ou, por exemplo, quando você encontra velhos amigos, eles sempre lembram de coisas que você, em tese, deveria ter na memória sem a ajuda deles?
Jill Taylor - Passei oito anos em recuperação. Sempre fui muito intuitiva e não me apegava a toneladas de detalhes. Assim, há muitas coisas que eu não codifiquei ou tentei me lembrar. Exemplo disso é o meu bolo de aniversário quando eu completei dez anos. Hoje eu sei como ele era — porque alguém me disse —, mas, antes do derrame, eu não seria capaz de descrevê-lo. Tenho a consciência de que sei coisas sobre o meu passado que ninguém me contou depois do derrame. Assim, acredito que eu tenho a maioria das minhas memórias de volta.
Pergunta - Mesmo sem experiência médica, sua mãe foi muito eficiente em te ajudar. Foi instinto? Experiência em ensinar?
Taylor - Acho que a experiência e os dons naturais dela, tanto como mãe como boa professora, a prepararam para enfrentar essa situação. Ela prestava muita atenção às minhas necessidades e me ajudava a encontrar minhas próprias soluções para os problemas. Nós falávamos muito sobre o cérebro, assim ela sabia de todos os meus temores. E nós duas concordávamos que nada nem ninguém sabia mais sobre o tratamento mais conveniente do que o meu próprio cérebro. Assim, se ficava cansado, deixávamos que ele dormisse.
Pergunta - A sua experiência pessoal mudou o modo como você vê e sente os papéis desempenhados pelos dois hemisférios do cérebro?
Taylor - Completamente. Antes do derrame, eu tinha uma visão geral do papel de cada hemisfério, mas eu não tinha a menor idéia de como dizer qual parte do meu cérebro estava contribuindo com qual informação para formar a minha percepção da realidade.
Pergunta - O que você mudaria na maneira como os derrames são tratados?
Taylor - Eu deixaria as pessoas dormirem quando se sentissem cansadas e iria tratá-las com compaixão quando estivessem acordadas. Assumiria que o cérebro é capaz de se recuperar e o trataria com respeito. Em vez de me referir aos pacientes como “vítimas”, passaria a chamá-los de “sobreviventes”! Falaria que as pessoas “tiveram” um derrame em vez de “sofreram”.
Pergunta - No livro, você escreveu que tem uma paixão por dissecar corpos. Quando essa paixão começou?
Taylor - Quando eu era uma garotinha de cerca de 8 anos, minha mãe me levou ao Museu de Ciência de Chicago. Havia uma exposição com pequenos fetos e embriões dentro de vidros. As idades variavam de poucas semanas até nove meses. Eu fiquei absolutamente fascinada pela exposição, e esse foi o real começo do meu interesse em dissecação.
Pergunta - Depois de reconstituir seu hemisfério esquerdo, em que você se assemelha e difere da Jill pré-derrame?
Taylor - Eu continuo tão esperta quanto antes, além de ter as mesmas capacidades cognitivas e intelectuais. Mas agora eu decidi gastar meu tempo fazendo coisas que vão ajudar outras pessoas, em vez de focar toda a minha energia na carreira. Estou mais interessada em ajudar a humanidade, e antes meu principal objetivo era escalar os degraus do mundo acadêmico.
Pergunta - O fato de ter utilizado com mais freqüência o seu hemisfério direito alterou o seu pensamento? Você se lembra de como ele era antes do derrame?
Taylor - Agora ele está excepcional porque eu dediquei um tempo trabalhando essa parte do meu cérebro. Imediatamente depois do derrame, a sensação de que eu estava criativa era ainda mais clara e excitante. E essa sensação acabou se traduzindo na minha arte com vitrais.
Pergunta - Por falar em arte, além de confeccionar vitrais, você toca violão. Foi especialmente complicado recuperar esses seus talentos?
Taylor - Foi bem mais fácil que os cálculos matemáticos, mesmo aqueles mais elementares. Isso porque os talentos artísticos estão associados ao hemisfério direito do cérebro. Com a ausência temporária do meu hemisfério esquerdo, esses talentos até melhoraram.
Pergunta - Se a Jill do passado escrevesse um livro sobre uma experiência pessoal, seria muito diferente desse?
Taylor - Acho que seria um livro sobre algo bem aventureiro, como saltar de um avião. Outra idéia seria uma obra didática sobre o cérebro.
Save the Planet ?
Temos que rezar para que pare de chover
Direto de Navegantes
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobrevoou nesta tarde as regiões mais
afetadas de Santa Catarina. Ele disse que as obras no Estado serão iniciadas
assim que as chuvas pararem. "Os trabalhos vão começar quando o tempo
permitir. A primeira coisa que temos que a fazer é rezar para que pare de
chover. Vale lembrar que venho de um lugar onde sempre rezei para chover",
afirmou o presidente.
O plano de vôo estabelecia uma visita também a Blumenau, mas as questões
climáticas impossibilitaram uma aproximação. "Essa é uma das maiores
tragédias da história do Brasil. Nunca vi uma coisa como essa. O que mais me
impressionou foi ouvir do governador que o nível de água está bem abaixo do
que podia ser visto ontem. Dessa forma, dá para imaginar um pouco do que
aconteceu por aqui", disse Lula.
Em relação à medida provisória aprovada hoje, que libera R$ 1,6 bilhão para
as cidades atingidas pela chuva, o presidente informou que o dinheiro já
está disponível para os municípios.
"São R$ 280 milhões para estradas, R$ 350 milhões para os portos e R$ 150
milhões para a Defesa Civil e saúde. Ao todo, vamos disponibilizar R$ 1,6
bilhão", ressaltou Lula, afirmando que 90% dos recursos serão destinados a
Santa Catarina.
Com relação às vitimas da chuva, Lula lamentou a morte das mais de 80
pessoas: "só há uma coisa que não podemos reparar: a vida de quem morreu.
Isso me deixa triste. Estamos vivendo a pior tragédia da história de Santa
Catarina e as mudanças climáticas contribuem para que isso ocorra",
finalizou.
Redação Terra [i]
http://noticias.terra.com.br/
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
FAMILIA TENTA IMPEDIR TRANSFUSÃO DE SANGUE
Liana Aguiar
O Ministério Público teve de intervir para que o metalúrgico Joaquim Raimundo de Lima Neto, 23, receba tratamento médico adequado. Ele tem o tipo mais grave de leucemia, a mileóide A, diagnosticada no dia 12 de novembro. O problema é que a mãe e três tios maternos tentam impedir que o rapaz receba transfusão de sangue porque pertencem à religião Testemunhas de Jeová, que não aceita esse tipo de tratamento. O promotor de justiça Isaac Benchimol sinalizou um prazo de cinco dias para que o médico responsável realize o procedimento. O quadro clínico do rapaz é gravíssimo e ele está internado em uma clínica particular.
Na sexta-feira, a denúncia foi encaminhada ao MP pelo médico Yuri Vasconcelos, pelos irmãos paternos do rapaz e pela tia dele, Shirley Adriana Alves, 50, psicóloga. Sem a transfusão de sangue, Joaquim não pode fazer quimioterapia.
O irmão de Joaquim, Fernando Antônio Borges de Lima Filho, 36, pastor, foi na manhã de ontem ao hospital com o mandado de segurança do MP e com as bolsas de sangue para o procedimento. Mas, segundo ele, Joaquim já teria mudado de idéia e vai assinar um termo de responsabilidade de que não quer fazer a transfusão de sangue. “O que eu podia fazer, eu fiz. Sou evangélico, a gente não pode usar sangue de animais, não nada a ver com transfusão”, lamenta.
O promotor explica que em casos como este, a decisão do tratamento independe da vontade do paciente, mesmo sendo maior de idade, porque é caso de vida ou morte. Na segunda-feira, Joaquim teria admitido a familiares que deseja fazer a transfusão de sangue. “Ele olhou nos meus olhos e disse: ‘eu quero viver’”, relata a tia. Isaac Benchimol ressalta que a religião não se sobressai à vida humana. “Não quero correr o risco de o Joaquim morrer por falta de tratamento”, diz o promotor.
“A mãe dele diz que ele será curado por Jeová, não pelos recursos médicos. Ele não pode morrer por causa de um grupo de meia dúzia de fanáticos”, enfatiza Shirley. “Não tem argumento que os convença. Foi quando a mãe dele disse que a única opção é o óbito que decidimos denunciar. Eu disse a eles que estão fazendo papel de Deus, e não sou cúmplice desse assassinato.”
Familiares contaram que ontem a mãe tentava impedir a transfusão no apartamento onde Joaquim está internado. Se ela transpuser as barreiras, o caso pode se tornar de polícia.
As testemunhas de Jeová têm fortes restrições quanto ao uso de sangue na medicina e na alimentação, que é uma das mais controversas posições da religião. Os fiéis acreditam que a transfusão de sangue é proibida pela lei divina.[i]
http://www.hojenoticia.com.br/
Petição contra a concordata entre Brasil e Vaticano
Acompanhe mais sobre este assunto no blog
http://acordovaticano.blogspot.com/
http://www.petitiononline.com/BrasVat/petition.html
Vaticano defende a honra no julgamento de Galileo Galilei
"Galileo Galilei jamais foi condenado", declarou à agência Monsenhor Gianfranco Ravasi, presidente do conselho pontifical para a Cultura, à véspera da abertura de um congresso organizado pelo Vaticano sobre "a ciência 400 anos após Galileu".
A condenação de Galileu à prisão, pronunciada em 1633 pela Inquisição após um longo processo no qual se arriscava a uma condenação à fogueira, não foi, na realidade, jamais assinado pelo Papa Urbano VIII.
Mas o sábio, defensor da tese heliocêntrica do universo, segundo a qual a Terra gira em torno do Sol, foi obrigado a se retratar, concluindo sua preleção com a célebre frase "Eppur si muove".
O Vaticano, progressivamente, reconheceu seus erros no assunto Galileu, perseguido menos por suas teses propriamente ditas do que por suas implicações teológicas. João Paulo II o homenageou em 1992 e uma estátua do Grande Físico, Matemático e Astrônomo, deve ser instalada e inaugurada em 2009 nos jardins do Vaticano.
Um congresso sobre Galileu está sendo organizado em conjunto em Roma pelo conselho pontifício para a Cultura e o grupo industrial italiano Finmeccanica.
As Nações Unidas proclamaram 2009 ano internacional da astronomia para comemorar a primeira utilização de um telescópio por Galileu.
Durante a vida, o cientista elaborou a balança hidrostática que, posteriormente, deu origem ao relógio de pêndulo. A partir da informação da construção do primeiro telescópio, na Holanda, ele construiu a primeira luneta astronômica e, com ela, pôde observar a composição estelar da Via Látea, os satélites de Júpiter, as manchas do Sol e as fases de Vênus. Esses achados astronômicos foram relatados ao mundo através do livro Sidereus Nuntius (Mensageiro das Estrelas), em 1610. Foi através da observação das fases de Vênus, que Galileu passou a ver mais embasamento na visão de Copérnico (Sistema Heliocêntrico, o Sol como centro do Universo) em relação à de Aristóteles, onde a Terra era vista como o centro do Universo.
Por sua visão heliocêntrica, o astrônomo italiano foi a Roma em 1611, para tentar se defender da acusação de herege, terminando por assinar um decreto do Tribunal da Inquisição, onde declarava que o sistema heliocêntrico era apenas uma hipótese. No entanto em 1632, ele deu continuidade aos seus estudos.
Em 1642, morreu cego e condenado por suas convicções científicas. Contudo, uma de suas obras (sobre mecânica) foi publicada mesmo com a proibição da Igreja, pois seu local de publicação foi em zona protestante, onde a interferência católica não tinha influência significativa. A mesma instituição que o condenou o absolveu muito tempo após a sua morte, em 1983.
http://br.noticias.yahoo.com/s/afp/081125/mundo/religi__o_vaticano
Escola obrigada a retirar crucifixo da parede
chegou a Espanha.
Pela primeira vez um juiz ordenou a retirada de um crucifixo da sala
de aula de um establecimento público. O magistrado respondeu assim à
queixa de uma associação local de defesa da escola laica apoiando-se
sobre a Constituição espanhola.
A ministra da Educação exortada a pronunciar-se sobre a decisão do
tribunal administrativo de Valladolid disse que "a sentença reflecte o
que está escrito na Constituição espanhola e o carácter laico do
Estado".
Apesar da Constituição de 1978 garantir o carácter laico do Estado e
das suas instituições os simbolos católicos continuam muito presentes
em Espanha 30 nos depois do fim da ditadura que elevou o catolicismo à
religão do Estado.
Em defesa da posição da Igreja neste caso o Arcebispo de Sevilha
comenta que"não se deve tentar apagar os simbolos mas ajudar as
pessoas a respeitá-los seja a religião que for".
Em 2006 um caso semelhante fez polémica em Jean no sul do país mas os
responsáveis regionais anteciparam à justiça e ordenaram a retirada do
crucifixo da parede.
http://www.euronews.net/pt/article/25/11/2008/spain-makes-history-with-crucifix-ruling/
[Matéria em vídeo no link]