Uma guerra desleal contra o obscurantismo e as religiões. Porém, uma guerra que deve ser travada.
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
Pensamento sobre a improbabilidade de estarmos vivos
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Não estamos sozinhos...
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Alguns pensamentos mal acabados sobre relativismo
Em debates e discussões, tanto no mundo real como na internet, independente do tema, sempre encontraremos, e o que assusta é que cada vez com mais freqüência, os relativistas absolutos, principalmente quando o assunto é ética, ideologia ou religião. O que humildemente procurarei demonstrar em algumas linhas, é que o relativismo não é uma posição honesta, e por muitas vezes é uma saída das mais covardes.
O relativismo, não o relativismo absoluto, cabe e muito bem em discussões éticas e morais, mas principalmente em retrospectiva, pois as posições consideradas ética e moralmente válidas em períodos anteriores, sempre foram concebidas dentro de “verdades” estabelecidas pelo Zeitgeist da época. Por exemplo, na antiguidade era ética e moralmente aceita a posse e comercialização de escravos, a escravidão era compatível com o modo de vida e a moral da sociedade. Eles tinham justificativas, e tanto quem escravizava, como quem era escravizado não enxergavam dilemas éticos nisto. Porém hoje a escravidão é condenável por praticamente todas as sociedades modernas, contudo não podemos taxar como seres desprovidos de ética e moral todas as sociedades antigas que praticavam este ato, eles estavam inseridos em outra cultura, tinham outro valores, outras realidades. Não me estenderei na analise da escravidão na antiguidade pois existe farta bibliografia sobre o assunto e não é este o cerne da questão que proponho discutir, quero apenas demonstrar com este exemplo que embora retrospectivamente o conceito de certo e errado, moral e imoral, é sim, relativo, o código ético de uma sociedade é regido pelas verdades e diretrizes consolidadas dentro de uma realidade estabelecida dentro do entendimento de mundo de uma determinada época.
O grande erro dos relativistas é querer utilizar o argumento de que as verdades podem mudar com o decorrer do tempo, para fazer disto o fundamento de todos seus parâmetros para o entendimento do mundo em que vivem. Esquecem que o convívio em sociedade, o senso comum, as leis e a realidade da época, tanto nos permite, como exige que tracemos limites, que tomemos posições, que estabeleçamos normas e códigos. Mesmo que num futuro, seja definido que estas “verdades” não passam de mentiras infundadas e má entendimento da dinâmica e comportamento da época. Não vêem que esta mudança de entendimento, de visão vem com imposição de culturas, descobertas cientificas, enfim, com a evolução dos conceitos.
Gostaria de abrir um parênteses aqui apenas para lembrar que evolução não significa melhora, que isto fique bem entendido, evolução significa apenas a mudança de algo, pode ser um conceito, uma idéia, uma moral, um ser vivo, no decorrer do tempo, no qual pequenos aspectos são modificados até que em um determinado ponto não mais se identifica com a origem. Por exemplo a visão Greco Romana do homossexualismo era muito mais ética, para os padrões modernos, do que a visão da Idade Média, porém a visão medieval é uma evolução da visão clássica.
O relativista falha ao não enxergar que dentro de um contexto definido num espaço e tempo, dentro de um determinado entendimento presente do mundo e das relações humanas, é possível estabelecer normas e paradigmas que norteiem a ética e a moral, mesmo que sabidamente, estes possam ser alterados no curso da história. Os fundamentos podem ser relativos ao analisar a história como um todo, porém eles são absolutos dentro de períodos e locais específicos.
O grande pecado do relativismo é transportar esta filosofia para assuntos nos quais ela cabe, como, principalmente, a ciência. Pregam que a ciência está em constante mudança, portanto não se pode levar em conta o que ela afirma, pois um dia isto pode mudar.
Um erro muito cometido, sobretudo pelas pessoas que não estão familiarizadas com o método cientifico e a confusão entre o ceticismo e o relativismo. Uma coisa é ter uma visão cética da própria ciência, na qual uma teoria é verdadeira apenas até o ponto em que aparece uma outra com uma explicação melhor. Para um relativista, a simples hipótese que num futuro possa aparecer alguma outra explicação, já é motivo suficiente para que uma teoria já seja descartada. Veja bem, o que o relativista põe em questão não é a teoria em si, mas o método científico, e faz isso sem propor um outro método sólido. O relativista não põe em dúvida os dados colhidos pela observação, ele põe em dúvida a observação.
Contudo, relativista é relativista até a página 4, invariavelmente um relativista já possui um ponto de vista absoluto e por não ser provado ou aceito, acaba atacando o método para poder justificar sua crença. O relativista vive de dogmas, por mais antagônico que seja. Vamos a um exemplo: Uma pessoa afirma que existe uma força maior, (pode substituir por deus, energia, o que você preferir), que rege o universo. Um cético afirma que até o presente momento não existe a menor evidência que isto exista, nenhum dado ou previsão apontam para isto e até o presente momento a existência de tal força não aparenta ser necessária, portanto não tem sentido prático assumirmos como plausível esta existência. O relativista contra argumentará que antigamente os cientistas da época consideravam o universo como estático e a terra como redonda, e como a ciência constantemente, não se pode descartar a existência de tal força.
Vamos analisar os argumentos, o relativista alega que não da para confiar na ciência, pois como tudo, ela é passível de mudança, e como já existiram “verdades cientificamente comprovadas” que foram derrubadas, não se pode acreditar na ciência e esperar que ela nos traga o que é o real. Porém reparem que isto só é válido pois a ciência formal desconsidera o dogma que ele acredita, se amanhã for provado que realmente existe tal força, ele virará e falará, - Ta vendo? Eu falei que era real. Percebe a incoerência? A partir do momento que a ciência prova que sua afirmação é verdadeira a ciência é válida e será usada como confirmação de seus argumentos, enquanto ela não provar a ciência não pode ser confiável pois esta sujeita a revisões ao longo da história.
Já o cético, se um dia aparecerem dados e indicações que apontem para a existência de tal força, por coerência ao pensamento cientifico irá aceita-las como verdadeiras e reformular todas as bases das teorias para que este novo aspecto se encaixe, sem dor, sem trauma, apenas sendo fiel ao método.
A diferença básica é que o relativista não possui um método para se chegar ao conhecimento, o relativista procura absolutos perenes, que nunca serão alcançados, pois ele busca provas de negação e da valores iguais para probabilidades infinitamente diferentes. Já o cético é fiel ao método, para ele não importa o que os dados irão apontar, importa apenas que o raciocínio seja lógico e fundamentado, e a partir daí, tomará como verdade os resultados.
Voltando ao princípio do texto, considero então o relativismo como covarde, pois é apenas uma maneira de se mascarar dogmas, superstições ou ideologias, ou na melhor das hipóteses uma justificativa para não tomar opinião e ficar em cima do muro, é um esconderijo de fácil acesso para aqueles que não têm argumentos para defender suas idéias. E é cínico também a partir do momento que exige da ciência provas ao mesmo tempo em que a desmerece, e não oferece uma contra partida, jogando seus argumentos ao ar incumbindo o ônus da prova a quem não concorde deles. Se escondendo atrás de perguntas como, - E quem te garante que isto é o certo? Sendo que ao mesmo tempo em que exige a prova, e a refuta se esta não for do seu agrado. Como foi sugerido por um colega, a melhor maneira de tratar um relativista absoluto é mandar-lo toar no cu, e quando este se indignar pergunte:
- E quem te garante que isto não foi um elogio?
sexta-feira, 17 de abril de 2009
NÃO EXISTE ATEU DESINFORMADO
Por PHNunzio
Não existe ateu desinformado, como diz Richard Dawkins em seu livro O Relojoeiro Cego, e em que concordo plenamente, é impossível alguém se declarar ateu antes da teoria de Darwin surgir, pois foi ela a primeira a nos deu uma explicação razoável do por que e como estamos aqui.
O ateísmo surge de um complexo processo de evolução de pensamento e raciocínio, e demanda esforço, não surge de uma maneira natural, novamente, citando Dawkins, por sermos uma espécie que possui o ferramental físico e mental par construir coisas, buscamos em tudo um efeito de causa e conseqüência, portanto é natural que as primeiras impressões que temos do mundo, da vida, do universo é de que alguém obrigatoriamente teve que deliberadamente construir tudo isso. Resumindo, a hipótese de um deus criador é a mais fácil, e ironicamente a mais natural.
Apenas com o avanço da ciência é que pudemos começar a ter uma idéia de como tudo funciona e começamos a colocar deus no lugar que ele merece, na conta dos amigos imaginários, coelhinhos da páscoa e fadas do dente.
O ateísmo é antinatural para a mente humana, pois todos as explicações para a origem tanto da vida quanto do universo fogem da nossa noção de normalidade, fogem dos nossos padrões cotidianos, afinal, como imaginar as escalas de tempo e distância necessárias para que se comece a entender a origem e o funcionamento da vida e do universo?
São muitos dados, muitas teorias e nem sempre em linguagem fácil e acessível, e isso assusta e afugenta. Ser ateu dá trabalho, pois alem de procurar se informar ao máximo, somos bombardeados por todo o tipo de baboseira pseudo cientifica. Superstições antigas com roupagem nova, travestidas em jalecos branco, em pesquisas má dirigidas, sem o controle e o rigor necessários, em que se procura a qualquer custo, dados que sustentem mesmo que parcamente suas proposições. E com isso o caminho para o ateísmo, que já não é fácil, fica muito mais complicado. E o principal motivo é que essas teorias da nova era, ciências “quânticas”, energias vitais, etc., são apresentadas de uma maneira atraente, de fácil compreensão, tentando nos levar mais uma vez a tomar o caminho mais simples.
É muito simples negar a figura de um senhor barbudo sentado em um trono de uma nuvem, atirando raios para terra, ou deuses circulando pelo céu com uma carruagem de fogo, além do mais agora que já sabemos as explicações para tais fenômenos. Não custa lembrar que os deuses foram criados para explicarem os fatos “inexplicáveis” do cotidiano, e suas atribuições na vida humana, como julgar, interferir e tudo mais surgiu, pois somos humanos, e construímos nossos deuses a nossa imagem e semelhança.
Porém hoje em dia nossos trovões, raios, movimentos celestes estão no nível das micro partículas, dos quarks, bósons, energia escura, spins de partículas, cordas, universos paralelos, e assim como antigamente, não demorou muito para aparecerem os gurus quânticos, procurando um significado “espiritual” para tudo isso. Substituindo deus por energia e orações por pensamento positivo. Porém diferentemente dos nossos raios, como citados anteriormente, o comportamento e a vida dessas partículas são muito, muito estranhos, e muito mais complicados de se entender do que a formação de cargas elétricas pelas gotículas de água nas nuvens. Para se entender, mesmo que superficialmente o assunto, a pessoa é obrigada a mergulhar em literaturas e estudos maçantes, cheios de terminologias pouco conhecidas, conceitos de difícil abstração, tabelas, equações gráficos e nenhum apelo emocional.
Como se pode perceber a batalha é desigual, de um lado teorias que buscam conforto, esperança e nos dar um papel central no universo, de outro lado, estudos frios, que exigem uma base de conhecimento técnico para começarem a ser entendidos e que não prometem nem intentam responder questões existências ou encontrar nosso lugar no plano cósmico.
Este é um dos principais motivos do ateísmo ser tão trabalhoso, é uma constante batalha de separar o joio do trigo, os estudos sérios dos embustes, é ter a humildade de reconsiderar posições depois de anos de estudos e defesa sempre que aparecem novos dados e estudos que apontam para uma nova direção. É estar sempre a serviço da ciência e do pensamento cético.
Por isso que afirmo que é impossível existir um ateu desinformado, pois o primeiro passo para o ateísmo é a curiosidade, a não aceitação de “verdades” embaladas em autoridade. Se uma pessoa se declara ateia e não busca respostas para as questões básicas da vida e do universo, ela esta fazendo um desserviço a ela e ao ateísmo em si.
O ateísmo não é uma causa, é uma conseqüência de curiosidade e pensamento crítico, é se maravilhar com o fato de termos chegado a esse ponto, partindo de uma explosão de tempo, espaço e matéria a milhões de anos, não por designo divino, não por energias conspiratórias, mas sim por uma sucessão de eventos tão improváveis que é praticamente impossível de se calcular. E que mesmo assim aconteceram, e só pelo fato de terem acontecido, é que nós podemos estar aqui hoje refletindo sobre isto. E isso não é pouco, é muito mais emocionante e excitante do que imaginar que tudo isso foi criado. É saber que nosso papel no universo não difere do papel de uma molécula de gás na nebulosa mais distante, que independente do que fizermos, do que nossa civilização alcance, não representamos nada para ele. É ser humilde e saber que somos completamente responsáveis pelos nossos atos, e que a única vida que temos é esta.
Portanto não é fácil ser ateu, você precisa de tempo para pensar, repensar, estudar concluir, não pode se aceitar informações batidas no liquidificador pronta para beber, e para isso precisa de tempo e vontade para olhar pro olho do universo e falar, é uma estrada sem fim, mas a recompensa, eu garanto, é melhor do que qualquer uma prometida por qualquer religião, seita ou similares. E quando você chega ao fim pode olhar para trás e dizer de boca cheia, eu tenho um orgulho do caralho de ser ATEU
quarta-feira, 15 de abril de 2009
Algumas linhas sobre o Universo, ou o fim dele
Assistindo de nova a alguns capítulos da maravilhosa série o Universo, do The History Channel, me flagrei pensando o seguinte. Tudo aponta para que o universo acabe. Estamos vivendo ainda o inicio da vida do universo, e muito, muito antes dele chegar na adolecência o nosso planetinha já terá ido para o limbo a um bom tempo, e isso, o fim do universo, é algo inevitável e sem escapatória.
Por incrível que pareça, apesar de até dar um aperto no coração, a certeza que um dia, num futuro distante, independente do avanço tecnológico, independente de qualquer coisa, o universo, como cenário não existira mais, não teremos nenhum pano de fundo para nossa existência, me deu uma paz e um grande sentimento de humildade, saber que realmente estamos aqui por acaso, e não por nenhum plano de nada ou ninguém, afinal, quem iria se dar ao trabalho de criar tudo isso para alguém, sabendo que teria um prazo de validade?
Mas o que eu quero falar é sobre outra coisa, ultimamente venho sentindo por parte de alguns amigos uma substituição de deus pela "energia", sabe essas pessoas que dizem que existe uma energia cósmica que conspiram e guiam o destino da pessoa, etc? Uma balela dessas, de querer dar um ar cientifico a sua religiosidade.
Mas ai que entra o ponto, sabendo-se que o universo vai ter fim, e q não somos parte de nenhum plano ou similar, como se pode acreditar numa energia que existe e interfere apenas com o ser humano? Ou com os seres vivos, que seja.
Muito mais fácil ter um sentimento de religiosidade sabendo que todo e qualquer átomo que esta no seu corpo, foi forjado a milhões, bilhões de anos dentro de estrela gigantes, e que os prótons, nêutrons e partículas elementares surgiram no big bang, por volta de 15 bilhões de anos.
Quando realmente entrar na cabeça que da mesma maneira q estamos no universo, o universo está entre nós, e q se nos reduzirmos a níveis subatômicos, estamos aqui a mais de 15 bilhões de anos, ai sim, acho q a necessidade de um conceito de deus, ou de alguma força sobrenatural cairá completamente por terra.
bom apenas algumas linhas escritas num momento de ócio, e quem sabe, pode levar as pessoas a refletir sobre humildade e nosso papel no teatro cósmico.
abrass
domingo, 15 de março de 2009
Algumas informações sobre astrologia
A história da astrologia pode ser traçadas até a primeira metade da dinastia de Hamurábi na Babilônia cerca de 3.500 anos atrás.
Em sua forma moderna a astrologia assegura que as posições dos planetas solares na época do nascimento de um indivíduo são de alguma forma correlacionadas com sua personalidade, atividades, preferências e mesmo eventos maiores da vida (acidentes, casamentos, divórcios, etc.). Não há concordância geral entre os astrólogos de como ou porque isto pode ocorrer. Tampouco há concordância sobre quais posições planetárias precisamente levam a quais características ou experiências específicas. É quase certo que se consultarmos dois astrólogos nenhum dos dois irá fazer o horóscopo de um indivíduo com precisamente os mesmos resultados. As previsões que resultam são freqüentemente tão vagas que de qualquer forma é impossível fazer a verificação.
A astrologia é melhor compreendida quando se estuda como ela começou. Como muitos povos urbanos e agrícolas, os babilônios tinham um panteão de muitos deuses. Eles também tinham uma ciência bem desenvolvida de astronomia observacional, que servia aos mais altos propósitos utilitários como o de proporcionar um calendário, épocas de plantio e de colheita, épocas de festivais religiosos, etc. Neste esquema observacional cada planeta era importante, e os sacerdotes cuja tarefa era fazer as observações nomeavam os planetas com o nome dos deuses de seu panteão -- Marduk, Isthar, Nergal, etc. Por volta de 1000 a.C. havia uma extensa literatura babilônica de "presságios planetários". Uma vez que Nergal (Marte) era o deus da guerra, um verão no qual Nergal brilhava intensamente no céu era uma época para travar uma guerra (ou uma época em que o risco de uma guerra era grande). Uma vez que Ishtar (Vênus) era a deusa do amor, uma noite de primavera na qual Ishtar brilhava alto no oeste após o pôr-do-sol era uma época boa para fazer amor.
Por volta de 600 a.C. os babilônios criaram os doze signos do zodíaco: marcas no céu ao longo do caminho do sol, lua e planetas, que grosseiramente correspondiam aos meses do ano. O horóscopo mais antigo que fora descoberto data de 29 de abril de 410 a.C. Um horóscopo é simplesmente uma carta grosseira que indica as direções nas quais os vários planetas se alinham em relação ao zodíaco na época do nascimento de uma pessoa. Durante a era clássica dominada primeiro pelos gregos, e depois por Roma, os astrólogos babilônios (chamados de caldeus) se estabeleceram na maioria das grandes áreas urbanas por todo o mundo civilizado. Os astrônomos gregos zombavam da astrologiacaldéia considerando-a um absurdo, mas o público grego adotou a astrologia da mesma maneira intensa que eles haviam adotado outros cultos bizarros ou bárbaros. Mais tarde, o estadista romano Marcus Túlio Cícero escreveu, em 44 a.C., uma crítica devastadora a estes astrólogos, que ainda vale a pena ser lida hoje em dia. Uma passagem característica: "Que loucura completa destes astrólogos em considerar os vastos e lentos movimentos e mudanças nos céus e presumir que o vento e a chuva não têm nenhum efeito no nascimento!".
Com a advento do cristianismo, os caldeus tiveram dias difíceis, uma vez que os primeiros cristãos (como os hebreus antes deles) eram hostis aos outros deuses e religiões pagãs. É claro que não havia nenhuma maneira de disfarçar as bases essencialmente religiosas da astrologia. Durante o início da Idade Média a astrologia quase se extinguiu na Europa, mas foi mantida viva em outros lugares por estudiosos islâmicos.
As Cruzadas trouxeram a astrologia de volta para a Europa onde ela co-existiu inconfortavelmente com o cristianismo até o surgimento da idade da ciência. O crescimento explosivo da astronomia científica a partir de 1600 A.D. fez paralelo com um declínio explosivo do sucesso da astrologia. Por volta de 1900 uma enciclopédia francesa descreveu aastrologia de maneira correta como um culto desaparecido sem adeptos jovens.
A astrologia realizou o retorno mais estrondoso de toda a sua história após a Primeira Guerra Mundial, quando o astrólogo britânico R. H. Naylor inventou a coluna de astrologia diária em jornal.
O resultado paradoxal é que o auge da astrologia não foi durante a época das trevas da Idade Média, quando o cidadão médio estava atolado profundamente na ignorância e superstição, mas ao invés disso no século XX, quando a maioria dos cidadãos presumivelmente conhecem os fatos básicos da astronomia e estão a par que os planetas são mundos similares à Terra ao invés de deuses-incandescentes no céu.
Desse modo, pelo menos 90% de todos os americanos abaixo dos 30 anos conhecem seu signo solar. Existem mais de 10.000 astrólogos praticantes nos EUA, e os americanos gastam mais de 200 milhões de dólares anualmente consultando astrólogos. (Nos EUA há somente cerca de 3.000 astrônomos profissionais, e apenas cerca de 100 milhões de dólares são gastos com pesquisa básica em astronomia -- exceto as experiências espaciais).
Os cientistas estão bastante desconcertados pelo crescimento da popularidade da astrologia, e uma série deles tem dedicado um tempo para conduzir estudos cuidadosos para ver se há alguma correlação real entre as posições planetárias ao nascimento e algum atributo do indivíduo na vida futura. Nenhum estudo válido estatisticamente jamais demonstrou qualquer conexão que pudesse dar alguma validade para qualquer conceito astrológico -- não importa quão vago o conceito tenha sido pronunciado! Não há nenhuma dúvida quanto ao simples fato de que a astrologia não funciona.
Tampouco há qualquer razão pela qual deveria funcionar. A fim de ir do horóscopo de um indivíduo para uma previsão específica do que está porvir para aquele indivíduo, o astrólogo deve consultar uma tabela. Esta tabela correlaciona características do horóscopo (posições dos planetas) com atributos individuais (inteligência, afeição, força física, boa saúde, etc.) De onde vem esta tabela? [Note que é tal tabela e não o horóscopo em si que é o "âmago" da astrologia.] Esta tabela simplesmente é feita por quem quer que seja que escreveu o manual de astrologia em particular que está sendo usado. Por isso dois astrólogos podem chegar a previsões diferentes (até mesmo contraditórias) a partir de um simples horóscopo. Há numerosos "sistemas astrológicos" bastante diferentes; todos diferentes, todos arbitrários, e todos completamente desconectados da realidade.
Esta arbitrariedade é uma característica de todas as pseudociências, e ocorrem porque as origens das pseudociências não recaem na observação da natureza, mas em convenções históricas acidentais da cultura humana. Por exemplo, os antigos costumavam chamar o segundo planeta a partir do Sol de Vênus e o quinto planeta a partir do Sol de Júpiter. Se eles tivessem feito de outra maneira, não teria feito a menor diferença para astronomia. Vênus seria então o maior planeta com cinturões coloridos e uma mancha vermelha, enquanto Júpiter seria um planeta incrivelmente quente com aproximadamente o tamanho da Terra. Mas para a astrologia seria então totalmente diferente, porque a astrologiadepende inteiramente das características associadas com o nome, não com o planeta real! Júpiter, chefe dos deuses, é um líder dos homens. Vênus, deusa da amor, governa as emoções. Mudar os nomes arbitrários deixaria a realidade inalterada mas a astrologia, os horóscopos, etc, tornariam-se totalmente diferentes. É interessante notar que os Maias consideravam Vênus o senhor da morte.
Outra maneira de ver isto é considerar o zodíaco. Os babilônios, com seu interesse no calendário, naturalmente tinham 12 signos zodiacais. Porém mais uma vez isto é arbitrário. Outras culturas usavam 28, por exemplo os chineses e hindus. As culturas toltecas da América Central usavam 20. Os próprios babilônios usaram de 6 a 18 antes de configurarem os "tradicionais" 12. Novamente a escolha arbitrária do número dos signos (sem mencionar os nomes dos signos) é óbvia. Como para os nomes, se um dado grupo de estrelas eram chamadas de "Áries, o Carneiro", este nome escolhido arbitrariamente então predeterminou a "interpretação" nas tabelas ... uma vez que os carneiros são agressivos e assertivos, assim serão as pessoas nascidas com o sol (ou algo assim) em Áries. Como alguém distingue a agressividade do carneiro daquela do bode Capricórnio ou o do Escorpião é outro problema! Se estes grupos de estrelas tivessem sido denominadas de "A Cadeira", "A Escrivaninha" e "O Castelo", as interpretações novamente seriam irreconhecivelmente diferentes.
Como outro exemplo, considere o suposto "sistema de casa" da astrologia. Afim de proporcionar mais tabelas com mais características para consultar, a doutrina astrológica tinha proposto muitos sistemas de casas diferentes (talvez até uns 50). Estas são divisões arbitrárias do céu em setores, vagamente como pedaços de laranja. Os vários sistemas diferem na extensão, no número e de como estes setores estão orientados no céu em relação à eclíptica, ao horizonte e ao equador. Há dois sistemas principais de divisão de casas em uso pelos modernos astrólogos, o Koch e o Placidiano. É hilário que em nenhum destes dois sistemas alguém que tenha nascido acima dos 66,5 graus de latitude norte sequer tem um horóscopo! As estrelas não têm nada a dizer sobre 12 milhões de pessoas!
Outro aspecto hilário da astrologia é devido ao fenômeno astronômico conhecido como a precessão dos equinócios. Isto era conhecido pelos astrônomos gregos por volta de 150 a.C. e pode ser que já fosse conhecido há muito mais tempo. Ela destrói completamente a base da astrologia. O problema é que os primeiros astrólogos, para quem o sol nascia em Áries no equinócio da primavera, definiam o signo de Áries como sendo centrado no ponto do equinócio da primavera. Mas como os antigos gregos sabiam, o equinócio gira em um grande círculo, levando cerca de 26.000 anos para completar seu ciclo. Desse modo, hoje, o signo de Áries está em algum lugar próximo da constelação de Áries! Essa separação do significado do símbolo a partir da dispersão aleatória de estrelas cujo nome arbitrário originalmente deu ao símbolo seu nome e significado é absurda mesmo para muitos astrólogos, que desse modo discordam com todos os outros astrólogos por manterem o signo fixado à constelação ao invés de deixá-lo mover-se com os equinócios!
A moral é que quando alguém tem um sistema baseado em aleatoriedade e convenção arbitrária, um embaralhamento ou uma mistura do sistema é indetectável. A astrologia é apenas uma geração aleatória de palavras, e misturar o procedimento pelo qual a palavra aleatória é gerada é indetectável, uma vez que a entrada de palavras permanece ao acaso com qualquer mistura genuína posterior. O problema é como ninguém podia estar a par desta aleatoriedade, das convenções irracionais que crucialmente determinam a natureza das "previsões" da astrologia.
A questão do porquê as pessoas acreditam em astrologia é mais interessante do que os detalhes do horóscopo. Os psicólogos têm mostrado que os consumidores ficam satisfeitos com as previsões astrológicas desde que os procedimentos sejam individualizados de alguma maneira um tanto vaga. Por exemplo, se o astrólogo pedir uma grande quantidade de informação pessoal antes de fazer a previsão, o indivíduo fica muito mais satisfeito com ela do que se o astrólogo fizer poucas perguntas (e fizer a mesma previsão). As próprias previsões são quase sempre muito vagas e universais em aplicabilidade; elas podem descrever quase todo mundo.
A astrologia recai em uma ilusão de pensamento chamada validação pessoal. Isto depende da natureza seletiva da memória. Se acreditamos que algo é de certo modo, tendemos a lembrar os eventos que o apóiam, e esquecer daqueles que não. O resultado é uma sensação crescente de convicção. Lembramos da parte da narrativa em que nos encaixamos e esquecemos da parte que não. Influenciar as pessoas dessa maneira é chamado de leitura fria, e há uma literatura psicológica considerável sobre o assunto.
A ciência moderna tem podado a base da astrologia em todas as vezes. O indivíduo é formado na concepção; não no nascimento. A força gravitacional exercida sobre um recém-nascido pela Terra é mais de um milhão de vezes maior que a de qualquer corpo celeste. A força de maré exercida pela mãe e pelo prédio do hospital é, da mesma maneira, um milhão de vezes maior que a de qualquer corpo celeste. A radiação eletromagnética que incide sobre o bebê provinda do sol ou das luzes do quarto é um milhão de vezes mais intensa que a de qualquer outro objeto celeste. Mudanças no ambiente durante o desenvolvimento inicial têm muito mais efeitos sobre o desenvolvimento de uma pessoa do que os eventos na época do nascimento.Também, a época do nascimento pode ser alterada, até um certo limite, pelas ações de um médico. Quais são as implicações astrológicas de uma cesariana ou um parto forçado? Outro ponto importante a considerar é o papel estabelecido dos genes na natureza de uma pessoa. Suponha duas pessoas não aparentadas que nasceram na mesma época no mesmo hospital. As "forças astrológicas" irão levar em conta as forças genéticas? A ciência da genética tem demonstrado que a resposta para essa pergunta é "não". Não há nada o que quer que seja em toda a natureza que tenhamos explorado até agora ou em qualquer de nossas outras experiências que dê qualquer credibilidade para qualquer idéia astrológica.
Mesmo assim, milhões de americanos, de Ronald Reagan até muitos que ganham um salário-mínimo, continuam a regular seus compromissos diários (até um certo limite) de acordo com os conselhos arbitrários e potencialmente prejudiciais. Por quê? É essencial lembrar que uma crença não precisa ser verdadeira para ser útil. A astrologia tem florescido porque é uma estrutura dentro da qual as pessoas podem discutir e procurar por um significado em suas vidas. Vista como um sistema de suporte social, a astrologia está em algum lugar entre a religião e a psicoterapia.
***
Este documento é substancialmente baseado em um material preparado pelo Prof. Rory Coker da University of Texas em Austin, Estados Unidos, em cooperação com a Austin Society to Oppose Pseudoscience.
Texto retirado do http://www.ceticismoaberto.com/
quarta-feira, 11 de março de 2009
Excomungado? Sim você pode também
Tendo sido batizado na igreja da paróquia ---------------- da cidade de --------------/--, no mês de ----------- de ---------, sob o nome ---------------------- (filho de ------------------- e -------------------), é o presente para solicitar a remoção de meu nome daqueles registros de batismo com a seguinte menção: "declarado apóstata por carta escrita datada de ----- de ------------------------ de ----------".
Conseqüentemente, exijo que seja declara, incontinenti, minha excomunhão nos termos do § 1.º do Cânone 1364 do Código Canônico: "Apostata a fide, haereticus vel schismaticus in excommunicationem latae sententiae incurrit [...]".[1]
De fato, minhas convicções religiosas e filosóficas não correspondem àquelas das pessoas que estimaram em ter-me batizado. Assim, e agindo desta maneira, os seus escrúpulos da verdade - e os meus - serão aliviados, e os seus registros ficarão isentos de qualquer ambiguidade.
Dos requisitos para a excomunhão:
Afirma o Cânone 751 do Código Canônico: "Dicitur haeresis, pertinax, post receptum baptismum, alicuius veritatis fide divina et catholica credendae denegatio, aut de eadem pertinax dubidatio; apostasia, fidei christianae ex toto repudiatio; schisma, subiectiones Summo Pontifici aut communionis cum Eclesiae membris eidem subditis decretatio".[2]
Conforme lição de Carlos Corral Salvador e José Maria Urteaga Embil[3], o conceito de Apóstata aparece no cânone 751: "Apostasia é o repúdio total da fé cristã".
Existe este repúdio, quando se repudia o próprio fundamento da fé cristã, quer dizer, os mistérios da Trindade e da Encarnação. É apóstata da fé cristã quem rejeita Jesus Homem-Deus, pois a fé cristã consiste substancialmente na revelação que Deus fez, em Jesus, Deus e Homem.
É necessário, porém, distinguir o pecado de apostasia do delito de apostasia. O cânone 751 declara quem é Apóstata, no sentido teológico e moral. Mas, para que o pecado de apostasia seja também delito de apostasia, é preciso comprovar se existem elementos essenciais do delito, de modo especial os indicados no cânone 1330. Para que exista o delito de apostasia, é preciso que o repúdio da fé cristã, enquanto tal, seja externo; e, para que possa ser considerado consumado, é preciso que seja percebido por alguém.
Outro não é o caso! Meu ato é externo, posto que escrito, e percebido por alguém, os senhores, que dele são testemunhas.
A pena prevista para o Apóstata, como também, em seu caso, para o herege e o cismático, é, de acordo com o cânone 1364, a excomunhão latae sententiae.
Ainda no cânone 751, define-se a Cisma como a recusa de sujeição ao Sumo Pontífice ou de comunhão com os membros da Igreja a ele sujeitos. Quem se subtrai à obediência da Igreja e à comunhão constitui-se propriamente em Cismático, pois o pecado de cisma consiste em recusa de sujeição ao Sumo Pontífice ou de comunhão com os membros da Igreja a ele sujeitos, independentemente do motivo que haja para tanto. Esse fiel incidiria numa rejeição formal da Igreja católica, de que fala o cânone 1117.
Já a Heresia se trata da negação ou dúvida pertinaz de uma verdade que deve ser crida com fé divina e católica da parte de um batizado. No cânone 750[4] indicam-se quais as verdades de fé divina e católica.
Com relação à gravidade do presente ato, e conforme declarava o Código Canônico de 1917, a pena é latae sententiae (ou automática) se vai unida, de tal forma, à lei ou ao preceito, que se incorre nela pelo próprio fato de se ter cometido o delito, não sendo necessário que o juiz ou o Superior a aplique. No mesmo Código, definia-se o "dolo", em matéria penal, como a vontade manifesta de violar a lei.
Essas definições estão claras na presente missiva, não podendo ser negadas, além de continuar sendo válidas atualmente. "Delito doloso" será, pois, o delito cometido à ciência e consciência de que se está transgredindo um preceito legal.
Da motivação para a excomunhão
Reconheço que para a igreja é muito mais fácil reconhecer outras superstições, e que, não sendo familiarizada com o racionalismo, ela (a igreja) tem dificuldade em aceitar a decisão de renúncia da fé religiosa.
Portanto, como forma de confissão pública de minhas intenções de ser excomungado, e para ter certeza de que minha blasfêmia esteja suficientemente clara, afirmo:
Eu não sou mais um Católico Romano. Eu não aceito a posição da igreja sobre o aborto. Eu não quero continuar a ser computado como católico. Eu sou ateu.
Eu, por meio desta, renuncio a todas as armadilhas da religião.
Eu renuncio a todas as bênçãos, benefícios, graças, santificações e vantagens supostamente conferidas a mim por qualquer ato religioso realizado por mim ou em meu benefício no passado, no presente ou no futuro.
Eu condeno a monstruosa idéia do pecado original, e renuncio a qualquer batismo feito por mim ou em meu benefício com a intenção de retirar este dito pecado de mim.
Eu rejeito como ridícula a idéia dos sacrifícios expiatórios e de seus presumidos benefícios.
Eu não creio na existência de (d)eus ou de deuses, reinos sobrenaturais ou vida após a morte, e não agirei como se eles existissem.
Eu não creio que qualquer livro, construção, local, pessoa pensamento ou ato seja santificados e eu não fingirei que eles são.
Eu me recuso à sujeição ao Sumo Pontífice da Igreja Católica Apostólica Romana.
Eu não penso que orações sejam mais do que meras conversas consigo próprio, e não vou fingir que sejam.
Eu não creio que qualquer pessoa seja mais santificada que qualquer outra, ou que qualquer ser humano deva ser mais elevado em relação a outro por qualquer motivo, seja por ancestralidade, raça, sexo, ocupação, crença ou qualquer outra razão, e não fingirei que seja.
Como pessoa racional e de princípios que sou, incomoda-me muito o fato de que alguém em algum lugar, possa me incluir como um membro de uma superstição irracional que tem causado, e ainda causa, irreparáveis danos à humanidade, e com a qual estou em profundo desacordo.
Por favor, removam meu nome dos registros da igreja, efetivem minha excomunhão, e registrem que eu não mais sou um Católico Romano.
Solicito, por fim, confirmação escrita deste ato e, por favor, sejam o mais rápido possível.
Não pense que esta carta foi escrita em algum momento de furor insano e inconseqüente contra sua instituição religiosa. Muito antes e pelo contrário.
Eu sei que esta carta envolve excomunhão e estou a par das implicações e das conseqüências de meu ato.
E, para terminar, afirmo que faço isto de plena consciência, de livre e espontânea vontade, e com grande alegria por me ver livre do fardo de ser considerado católico.
Nestes termos
Cética, laica e atenciosamente
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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
IDÉIAS DE DARWIN AINDA 'ASSUSTAM'
anos, hoje, é provável que haveria protestos diante de sua casa.
Pesquisas mostram que, mesmo com todas as evidências científicas
acumuladas nos últimos 150 anos, desde a publicação de A Origem das
Espécies, a aceitação de sua teoria da evolução por seleção natural
ainda enfrenta dúvidas e angústias entre o grande público -
principalmente no que diz respeito à evolução dos seres humanos.
"Para muitas pessoas, a ideia da seleção natural é simplesmente
repugnante, ameaçadora, assustadora", disse ao Estado o filósofo
americano Daniel Dennett, da Universidade Tufts, em Massachusetts.
"Sem falar, é claro, que ela derruba qualquer argumento razoável que
alguém já teve para a existência de Deus. Não surpreende que tanta
gente esteja sedenta por evidências que questionem a teoria."
Dennett é, ao lado do britânico Richard Dawkins, um dos defensores
mais ferrenhos do darwinismo e do ateísmo. Em 1995 ele publicou o
livro A Perigosa Ideia de Darwin: a Evolução e os Significados da
Vida. Agora, em 2009, diz ele, a teoria darwiniana - de que todos os
seres vivos, incluindo o homem, evoluíram de um ancestral comum por
mecanismos puramente biológicos de mutação e seleção - continua tão
"perigosa" quanto em 1859.
"Além das motivações religiosas, há pessoas que interpretam a ideia de
que somos `máquinas' biológicas projetadas pela seleção natural para
propagar genes como uma ameaça ao seu ego e à sua autonomia moral",
diz Dennett. Segundo ele, porém, o fato de sermos produtos dos genes
não significa que estejamos subordinados a eles. "Nossa autonomia é
real, mas não é absoluta - nem tão misteriosa nem miraculosa. Ela
evoluiu da mesma forma que nossos olhos e nossa memória. Nossa
liberdade é um produto da evolução. Se as pessoas entendessem isso -
algo que, admito, está longe de ser óbvio - elas não se sentiriam tão
ameaçadas pela ideia de uma ciência materialista que explique a
existência humana. Essa ciência não substituiria a ética, as artes ou
as humanidades; ela seria sua fundação."
Mesmo na Inglaterra, o país de Darwin, uma pesquisa divulgada na
semana passada mostra que metade das pessoas não acredita na teoria da
evolução - ou, pelo menos, tem sérias dúvidas sobre ela. Os resultados
incluem um gradiente de opiniões, polarizadas por aqueles que
descartam completamente a evolução até aqueles que descartam
completamente a existência de Deus.
O professor de sociologia Antônio Pierucci, da Universidade de São
Paulo, diz que a rejeição a Darwin é compreensível e que a aceitação
da origem evolutiva do homem deverá aumentar com o tempo. "Imagine
como foi difícil para as pessoas, nos séculos 16 e 17, aceitarem que a
Terra girava em torno do Sol", compara. [i]
http://www.estadao.com.br/
POR QUE O CÉREBRO ANIMAL NÃO ACREDITA EM DARWIN
Cento e cinquenta anos após sua publicação, o Homo sapiens ainda tem
dificuldade em acreditar nas descobertas de Darwin. As ideias de
Darwin e Galileu sofrem da dificuldade do cérebro humano em aceitar
conceitos abstratos que se chocam com observações diretas dos
sentidos. Sabemos que a Terra gira ao redor do Sol e a cada dia
observamos o Sol cruzar o céu. Se tivéssemos incorporado a descoberta
de Galileu, observaríamos que na madrugada o horizonte desce, expondo
nossa casa à luz solar. Ao longo do dia, à medida que o horizonte
continua a descer, nossa cabeça aponta em direção ao Sol. Quando a
Terra completa meio giro e estamos de ponta-cabeça, o horizonte se
eleva e cobre o Sol que permanece imóvel. Apesar de esta ser uma
descrição mais precisa do que ocorre, nosso cérebro se recusa a "ver"
o desenrolar do dia desta maneira.
O motivo desta dificuldade é bem compreendido pelos darwinistas. Os
sistemas visuais surgiram faz centenas de milhões de anos. Eles foram
selecionados porque melhoram a sobrevivência dos animais, permitindo a
localização de alimentos e predadores. Ao longo de milhões de anos
esses sistemas se tornaram sofisticados e rápidos nas tarefas para as
quais foram selecionados. Eles permitem que nosso cérebro, observando
o movimento de uma presa (ou uma bola de futebol), seja capaz de
ajustar nosso movimento de modo a interceptá-la no momento seguinte.
Quando um jogador chuta a bola em direção à área, seu cérebro calculou
que o atacante estará lá para recebê-la nos próximos segundos.
Ao fazer o passe, o jogador se beneficia de um sistema visual que não
foi selecionado para jogar futebol. O sistema visual considera o corpo
que habita como ponto de referência. Para essa parte de nosso cérebro,
somos o centro do universo. Apesar de eficiente e rápido, nosso
sistema visual é péssimo quando se trata de imaginar movimentos de um
ponto de vista que não seja o nosso (por isso juízes de futebol têm
dificuldade de identificar um impedimento e nos atrapalhamos ao
explicar como a órbita da Lua e da Terra determinam as fases da Lua).
Essa "deficiência" de nosso cérebro explica parcialmente porque grande
parte da humanidade crê que o sol gira em torno da Terra.
Com o desenvolvimento do pensamento abstrato, nosso cérebro passou a
dispor de dois mecanismos para compreender o mundo. Um, primitivo,
baseado nas informações dos sentidos; outro, capaz de entender o mundo
de forma analítica. Foi utilizando sua capacidade analítica e de
abstração que Galileu descobriu que a imagem produzida por nosso
sistema visual é parcial e distorcida. A Terra não é plana, o Sol não
gira em torno de nós e não somos o centro do Universo. Apesar de nossa
mente racional "entender" as descobertas de Galileu, nosso cérebro
insiste em nos informar que o Sol "sobe" detrás da montanha e
"caminha" em direção ao céu. Algumas pessoas, tentadas por nosso
cérebro animal, ainda suspeitam ser o centro do Universo.
Com a teoria da evolução de Darwin ocorre fenômeno semelhante. Desde
que os cérebros e os sistemas visuais surgiram, eles têm observado
outros seres vivos. E o que os olhos observam é que os seres vivos se
comportam como se fossem guiados por uma vontade interna ou um plano
de ação com objetivos definidos. As plantas crescem em direção ao Sol,
as raízes buscam água. Aves constroem ninhos e alimentam filhotes com
sementes que amadurecem quando eclodem os ovos. Nosso sistema visual
nos informa que todo ser vivo segue um plano e cada parte desse plano
parece ser um dos elementos de um projeto maior. É fácil imaginar como
nosso cérebro criou o conceito de um ser superior.
Mas nossa mente também é capaz de pensar de maneira abstrata e Darwin
observou os seres vivos de outra perspectiva. A ênfase é a transmissão
das características de uma geração para a próxima, a competição por
alimentos e a diversidade de seres vivos associada a cada ambiente.
Observado o mundo sob esta nova perspectiva, Darwin evolui na ausência
de um plano mestre. A transmissão das características herdadas, o
acaso produzindo a diversidade e um processo de seleção que só permite
a sobrevivência dos mais adaptados para cada ambiente é suficiente
para explicar a evolução dos seres vivos. Por trás da ordem aparente
está um processo randômico guiado pela seleção natural. Uma visão que
contrasta com o que informa nossos sentidos.
Do mesmo modo como nosso cérebro animal se recusa a acreditar que o
horizonte se abaixa todas as manhãs temos uma enorme dificuldade em
aceitar a inexistência de um plano ou projeto que organize a vida no
planeta. Vale o velho ditado, "o que os olhos não veem, o coração não
sente" e a mente não aceita.
Este comportamento primitivo do nosso cérebro é semelhante a outras
reações que herdamos de nossos ancestrais, como o medo hereditário do
escuro e das cobras. Hoje sabemos que o cérebro que habita nosso
crânio foi selecionado durante milhões de anos para garantir nossa
sobrevivência nas florestas e, apesar de recentemente ter se tornado
capaz de dominar a escrita, a fala, e o pensamento abstrato, nele
ainda sobrevivem características que eram essenciais para nossos
ancestrais.
A beleza da descoberta de Charles Darwin é que além de explicar a
evolução da vida no planeta, ela permite que investiguemos nossa
natureza animal. Isso significa aceitar que somos o produto de um
processo evolutivo complexo e que ainda carregamos conosco grande
parte do nosso passado. Aos poucos, ao longo das últimas décadas,
estamos identificando essas características primitivas. Talvez,
gradualmente, sejamos capazes de aprender a conviver e desfrutar
dessas habilidades do mesmo modo como um jogador de futebol se
aproveita do sistema visual desenvolvido quando habitávamos as
planícies africanas. Este autoconhecimento biológico talvez seja nossa
única chance de controlar nosso instinto predador e postergar a
extinção do Homo sapiens.
*Biólogo - fernando@reinach.com
http://www.estadao.com.br/
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
Pat Condel - A Água da Vida
Como alguns de vocês notaram ,estive ausente por algum tempo em
uma viagem de drogas. Não apenas isso. Era uma viagem de drogas
ateísta, o que faz dela mil vezes pior. Ao menos eu espero que faça...
Mas agora que eu estou novamente em uma forma razoável, resolvi
fazer esse vídeo, primeiramente para desejar a todos um Feliz Natal,
quer queiram ou não, e também para responder algumas questões
que me foram propostas recentemente.
Alguém me disse: “Você sabe, você não vai ganhar a batalha de
idéias insultando as pessoas que discordam de você”.
Esse é um bom ponto. Ou melhor, seria se nós estivessemos engajados
em uma batalha de idéias.Mas infelizmente a religião não tem idéias,
tem dogmas. E o propósito do dogma é ficar no caminho das idéias,
esmagá-las e matá-las antes que elas consigam mudar alguma coisa.
Porque como todos sabem a mudança para a religião é como kriptonita
para o Super-homem. É tão bem recebida quanto alho para um vampiro,
porque ameaça a posição das pessoas que controlam a religião para seu
próprios ganhos egoístas e ignorantes.
Em segundo lugar, eu não insulto pessoas porque discordo delas.
Pessoas que acreditam em, digamos, espiritualismo ou astrologia,
mesmo que eu não acredite nessas coisas. Se bem que eu tenho de dizer
que eu penso que os planetas realmente influenciam nossas vidas,
principalmente por não esbarrarem em nós. Razão pela qual eu realmente
sou agradecido a eles.
Mas se os astrólogos estivessem exigindo privilégios especiais o tempo
todo e insistindo que dever-se-ia permitir que suas crenças controlassem
o comportamento das outras pessoas, eu provavelmente adotaria um
discurso muito diferente.
Se os astrólogos aproveitassem de isenções de impostos e rotineiramente
abusassem dessas isenções para intrometer-se na política e forçar seus
valores na vida de outras pessoas; ou se eles reagissem em fúria,
ameaçando matar pessoas, ao menor sinal de crítica às suas crenças;
ou se fosse permitido que os astrólogos doutrinassem crianças pequenas,
antes que as suas mentes estivessem plenamente formadas, e se eles
então molestassem muitas dessas crianças; protegesem uns aos outros
da justiça, enquanto insistiam que mulheres e homossexuais não podiam
praticar a astrologia porque são mulheres e homossexuais, então esles
estariam pedindo que os insultos escapassem. É assim que funciona.
E eu não me desculpo por isso. Por que deveria, quando a religião tem a
cara-de-pau de clamar que tem a autoridade moral, quando todos podem
ver que ela nem mesmo tem uma consciêncdia moral? Como ela poderia
ter, quando está tão isolada do auto-exame através da obediência cega
às “escrituras”?
Parece que dificilmente se passa uma semana, nos dias atuais, sem
que tenhamos de ouvir algum clérico reclamando que o secularismo vai
levar à anarquia moral e a uma falência da nossa sociedade, como se
as pessoas realmente fossem estúpidas o suficiente para engolir porcaria
para mentes estreitas e que só os beneficia.
Obviamente, ninguém quer viver num vácuo moral. Bem, ninguém fora os
políticos e banqueiros. Mas, longe de sentir esse “vácuo” que ela sempre
afirma, a religião realmente criou-o, usando as “escrituras” como um
substituto vazio para a moralidade genuína, negando às pessoas a
chance de formarem suas próprias e mais substanciais barreiras morais
no único lugar onde se encontra algo realmente de valor, e isso é no
interior. Se algo não vem de dentro, então não vale um centavo, e você
sabe disso no seu coração. Você sabe que [o que vem de fora] foi
colocado lá como uma roupa barata de domingo e é tão falso quanto
uma gravata borboleta com presilha.
Se você retira a sua moral das escrituras de forma não crítica, você
realmente não é melhor que um cachorro que tem medo de roubar a
carne porque sabe que será chicoteado. Ele ama aquela carne mais
que qualquer outra coisa, mas como você a sua bússola moral o
mantém no caminho estreito. Que bom cachorro ele é!
É claro que um cachorro não tem uma alma, aparentemente, então ele
não tem o problema de viver para sempre. Mas você tem, e você sabe
que será chicoteado para sempre se você apenas pensar em tocar
naquela carne, seu cachorro mau! Seu pecador miserável!
Bem, talvez isso não se aplique a você porque você é, de fato, um
adorador feliz.Pode ser que você abrace o Senhor a cada dia com um
coração cheio de alegria, e isso é grande! Mas com certeza você sabe
que no momento em que você mudar de idéia sobre o Senhor e parar
de abraçá-lo, você estara se colocando em uma terrível e eterna tortura.
Você nunca sentiu como se alguém estivesse atirando nos seus pés
para fazer você dançar? Porque é assim que parece para um
observador neutro.
Bem, talvez esse seja apenas minha conversa ignorante, porque há
uma outra coisa da qual sou bastante acusado. Alguém disse
recentemente: “Você claramente não compreende o que a fé de uma
pessoa realmente significa para ela. Para mim ela como a água da vida!”
E vejam que frase bonita: “a água da vida”! Sem a qual, é claro, não pode
haver vida.
Mas mesmo a água da vida tem de ser contida e apropriadamente
manuseada, ou ela pode sair de controle, invadindo lugares aos quais
ela não pertence e causando danos reais.
Por exemplo, se a água da sua vida reunir-se à água da vida de outras
pessoas e formar uma inundação, uma torrente veloz de certeza absoluta
que varre tudo de diante de si, inclusive a razão, bem, aí ela não vai parecer
mais a água da vida, não é? Ela estará se tornando rapidamente a
água da morte, já que tudo em seu caminho é destruído: pensamento original,
questionamento racional, liberdade de expressão são esmagadas de encontro
às rochas da escritura e do dogma cego.
O que se precisa aqui, obviamente, é de uma represa para conter essa
água da morte, convertê-la novamente em água da vida e dar a todos nós
a chance de acendermos uma luz em nossas mentes. E é aí que entra o
secularismo! Ele é o amigo de todos, de crentes e não-crentes similarmente.
O que faz dele, segundo penso, a verdadeira água da vida. Pelo menos
tanto quanto isso aqui [exibe um copo de cerveja escura], a cerveja.
Saúde! [Toma um gole da cerveja]
Humm! Isso é o que eu chamo de água da vida.
Um Feliz Natal para todos. Especialmente para os muçulmanos idiotas
que pensam que comemorar o Natal é pecado. Claro que é! Por isso é
que é divertido!
Paz!