Depois de uma pausa, vamos para a parte três da história, na qual conto como foi o momento de assumir para o mundo a minha posição como ateu, mas principalmente o dilema em assumir para mim mesmo.
E se é a primeira vez que você esta vindo aqui, você pode ver a parte 1 aqui, e a 2 aqui.
Capítulo 3 - A lanterna dentro do armário
Ok, deus não existe, e agora? Você foi criado desde o nascimento acreditando que estamos aqui com um propósito, que existe alguém sempre olhando por nós, que essa vida é só uma passagem, que tem um lugar bem melhor nos esperando desde que sejamos bons e toda essa baboseira. De repente, você descobre que nada disso é verdade. Como proceder?
Tenho que adimitir, o primeiro momento em que pensei “deus não existe!”, foi estranho, muito estranho. Estranho, de ficar com frio na barriga. Aquele sentimento de estar fazendo algo muito, mas MUITO errado.
Me lembro como se fosse hoje, sozinho na sala, depois de ter lido mais algum dos inúmeros textos da STR, olhando para a tela do computador, pensei uma, duas, três vezes. Sinceramente, achando que algo iria acontecer. Juntei forças e falei em voz alta, esperando, sei lá, que um raio caísse sobre a minha cabeça, que o quadro de Jesus, que tínhamos na sala, começasse a falar, alguma coisa sobrenatural. Mas nada aconteceu.
Momento de reflexão: Isso só para ilustrar a maldade que a maioria dos pais fazem ao doutrinar uma criança, claro, muito sem se dar conta disso, mas é algo cruel, e que não tenho dúvidas que daqui a alguns anos, ok, alguns não. Daqui a muitos anos, será considerado um tipo de abuso psicológico dos mais perversos.
Esse primeiro momento foi bem confuso. Por um lado, tinha bem claro para mim, que nada disso existia, mas por outro, a culpa estava ali, presente, chegando até a ao ponto de sentir vergonha por estar me desviando tanto do caminho considerado o normal.
Não sei como deve ser esse momento para quem assume ser gay, mas acredito que deva ser algo bem parecido. Mas com um agravante, e sem querer polemizar aqui, quem é gay, nasce assim, não tem muito o que fazer, ele não se torna, ele, ou ela, apenas se descobrem e se assumem. Já no caso de virar ateu dentro de uma família religiosa, a coisa é um pouco diferente, é você que procura isso, você realmente se torna. A "culpa”, ou o mérito, disso é todo seu. Inclusive o estigma que isso carrega. Afinal, nunca é demais lembrar que de acordo com várias pesquisas, o grupo mais rejeitado pela população em geral é o dos ateus, ficando a frente de travestis, prostitutas, presidiários e viciados em drogas.
Mas ao mesmo tempo que a culpa pesava que nem um bloco de concreto no peito, eu começava a me dar conta do quanto essa história de religião e deus é algo frágil. Afinal, um moleque de 15 anos, inteligente sim, mas nada acima do normal, sem nenhum profundo conhecimento em física, biologia, história ou filosofia, consegue chegar sozinho a uma argumentação que derruba ao castelo de cartas que sustenta toda essa ficção. Ai comecei a entender o motivo de tantos dogmas, o por que de buscar as respostas com uma pinça, copiando as palavras da bíblia ou de seus intérpretes. Como gosto de dizer, existem apenas três tipos de pessoas que com toda a informação que temos hoje ainda acreditam em deus. 1º Tipo - Os que infelizmente não tiveram acesso a educação formal. 2º Tipo - Os que tem acesso, mas tem preguiça ou não tem interesse de pesquisar ou pensar a respeito. E por fim, o 3º Tipo - Os que tiveram acesso, pesquisaram e das duas uma, ou estão tão infectado pela doutrina que sofreram, ou são muito burros e não conseguem entender. Me surpreende que consigam vestir as calças. Tem gente que considera um 4º tipo, os do que tem medo, ou “preferem” continuar acreditando. Esses eu considero já como ateus, no máximo agnósticos. Eles já tem a consciência, só falta a coragem.
Uma coisa eu posso afirmar, uma vez que você chega a conclusão da não existência de divindades, é IMPOSSÍVEL voltar atrás. Lembramos sempre que alegações extraordinárias necessitam de provas extraordinárias. Portanto, pai e mãe, que estão lendo isso, a chance de um dia eu voltar a acreditar é a mesma chance de existir um deus. Ou fada, ou papai noel, ou gnomos, ou o mostro de espaguete voador, ou o invisível unicórnio cor de rosa, ou do Corinthians ganhar a libertadores.
Voltando ao tema principal desse capítulo, a saída do armário para o mundo. Esse momento nunca é fácil, lembrando sempre que falo aqui de se assumir dentro de uma família religiosa, tem gente que teve a sorte de nascer em uma família secular e isso não é problema.
Lembro que o primeiro movimento que eu tive no sentido de começar a me declarar ao mundo foi um texto que escrevi para colocar no mural da sala de aula. Para contextualizar, com o intuito de estimular os alunos a pensar e a escrever, podíamos fixar textos na parede da classe, sobre qualquer tema. Mais um erro das freiras, lição número um para manter as pessoas em uma religião: NUNCA, em hipótese ALGUMA, estimule os indivíduos a pensar.
Não lembro exatamente como era esse texto, mas o título era algo como “Religião. Liberdade ou Prisão?”. Nele eu questionava se o fato de seguir uma religião nos levava a liberdade e alegria, ou apenas a uma prisão feita de dogmas e culpa. Claro que este texto não durou nem dois dias no mural. Depois disso, ainda escrevi outro ponderando se a vida eterna realmente seria algo bom, (que é um tema que ainda pretendo abordar em outro post,) após este ter sido novamente arrancado do mural, desisti de publicar meus “artigos”
Mostrei estes textos para minha mãe, ainda sem me declarar ateu, mas, tentando preparar o terreno, sentir a receptividade. Acredito que não teve um momento de sentar e falar, “sabe gente, eu não acredito nessa histórinha de deus, e bla bla bla”. Foi algo que foi sendo revelado aos poucos, com um comentário aqui, outro ali, algumas ironias e após algum tempo, algumas discussões até um tanto acaloradas, principalmente com meu pai, que não gostava de ouvir que o filho dele não acreditava no grande Juju da montanha, geralmente era finalizadas com alguma das seguintes frases. “Isso é coisa da idade, vai passar”, “Um dia você vai ver o tamanho da besteira que você esta falando”, “Você pode falar isso, mas Jesus continua te amando” e a minha preferida, “Só espero que quando você perceber, já não seja tarde demais”.
Mas a minha frase favorita foi quando depois de um destes debates, meu pai virou e falou algo na seguinte linha, “Você é muito inteligente e provavelmente vê algo que a gente não vê, mas eu vou continuar acreditando”. Não foram essas as exatas palavras, mas o contexto era esse.
Depois de já estar escancarado na família, foi mais fácil falar para os amigos da escola. Mesmo sendo visto com estranheza, não sofri preconceito nem nada parecido. Apesar de uma ou outra provocação, como chegar para a freira professora de religião e falarem, “Irmã, o Paulo Henrique não acredita em deus”, obrigado por isso Eduardo, e ter que ouvir uma dos diálogos mais bizarros de toda a minha vida: “Você acredita, no bem” “Sim”, “Então você acredita em deus, só não percebeu ainda”. WHAT???? Sim meus amigos, essa é a lógica das pessoas que acreditam em seres imaginários.
Hoje em dia, não tenho problema nenhum em me declarar ateu, mesmo quando as pessoas não me perguntam, porém já não tenho mais muita paciência para debates, estes que serão o tema do próximo post.
E se alguém quiser dividir sua história, concordar, discordar ou qualquer coisa, os comentários estão abertos para todos
Cheers
E se é a primeira vez que você esta vindo aqui, você pode ver a parte 1 aqui, e a 2 aqui.
Capítulo 3 - A lanterna dentro do armário
Ok, deus não existe, e agora? Você foi criado desde o nascimento acreditando que estamos aqui com um propósito, que existe alguém sempre olhando por nós, que essa vida é só uma passagem, que tem um lugar bem melhor nos esperando desde que sejamos bons e toda essa baboseira. De repente, você descobre que nada disso é verdade. Como proceder?
Tenho que adimitir, o primeiro momento em que pensei “deus não existe!”, foi estranho, muito estranho. Estranho, de ficar com frio na barriga. Aquele sentimento de estar fazendo algo muito, mas MUITO errado.
Me lembro como se fosse hoje, sozinho na sala, depois de ter lido mais algum dos inúmeros textos da STR, olhando para a tela do computador, pensei uma, duas, três vezes. Sinceramente, achando que algo iria acontecer. Juntei forças e falei em voz alta, esperando, sei lá, que um raio caísse sobre a minha cabeça, que o quadro de Jesus, que tínhamos na sala, começasse a falar, alguma coisa sobrenatural. Mas nada aconteceu.
Momento de reflexão: Isso só para ilustrar a maldade que a maioria dos pais fazem ao doutrinar uma criança, claro, muito sem se dar conta disso, mas é algo cruel, e que não tenho dúvidas que daqui a alguns anos, ok, alguns não. Daqui a muitos anos, será considerado um tipo de abuso psicológico dos mais perversos.
Esse primeiro momento foi bem confuso. Por um lado, tinha bem claro para mim, que nada disso existia, mas por outro, a culpa estava ali, presente, chegando até a ao ponto de sentir vergonha por estar me desviando tanto do caminho considerado o normal.
Não sei como deve ser esse momento para quem assume ser gay, mas acredito que deva ser algo bem parecido. Mas com um agravante, e sem querer polemizar aqui, quem é gay, nasce assim, não tem muito o que fazer, ele não se torna, ele, ou ela, apenas se descobrem e se assumem. Já no caso de virar ateu dentro de uma família religiosa, a coisa é um pouco diferente, é você que procura isso, você realmente se torna. A "culpa”, ou o mérito, disso é todo seu. Inclusive o estigma que isso carrega. Afinal, nunca é demais lembrar que de acordo com várias pesquisas, o grupo mais rejeitado pela população em geral é o dos ateus, ficando a frente de travestis, prostitutas, presidiários e viciados em drogas.
Mas ao mesmo tempo que a culpa pesava que nem um bloco de concreto no peito, eu começava a me dar conta do quanto essa história de religião e deus é algo frágil. Afinal, um moleque de 15 anos, inteligente sim, mas nada acima do normal, sem nenhum profundo conhecimento em física, biologia, história ou filosofia, consegue chegar sozinho a uma argumentação que derruba ao castelo de cartas que sustenta toda essa ficção. Ai comecei a entender o motivo de tantos dogmas, o por que de buscar as respostas com uma pinça, copiando as palavras da bíblia ou de seus intérpretes. Como gosto de dizer, existem apenas três tipos de pessoas que com toda a informação que temos hoje ainda acreditam em deus. 1º Tipo - Os que infelizmente não tiveram acesso a educação formal. 2º Tipo - Os que tem acesso, mas tem preguiça ou não tem interesse de pesquisar ou pensar a respeito. E por fim, o 3º Tipo - Os que tiveram acesso, pesquisaram e das duas uma, ou estão tão infectado pela doutrina que sofreram, ou são muito burros e não conseguem entender. Me surpreende que consigam vestir as calças. Tem gente que considera um 4º tipo, os do que tem medo, ou “preferem” continuar acreditando. Esses eu considero já como ateus, no máximo agnósticos. Eles já tem a consciência, só falta a coragem.
Uma coisa eu posso afirmar, uma vez que você chega a conclusão da não existência de divindades, é IMPOSSÍVEL voltar atrás. Lembramos sempre que alegações extraordinárias necessitam de provas extraordinárias. Portanto, pai e mãe, que estão lendo isso, a chance de um dia eu voltar a acreditar é a mesma chance de existir um deus. Ou fada, ou papai noel, ou gnomos, ou o mostro de espaguete voador, ou o invisível unicórnio cor de rosa, ou do Corinthians ganhar a libertadores.
Voltando ao tema principal desse capítulo, a saída do armário para o mundo. Esse momento nunca é fácil, lembrando sempre que falo aqui de se assumir dentro de uma família religiosa, tem gente que teve a sorte de nascer em uma família secular e isso não é problema.
Lembro que o primeiro movimento que eu tive no sentido de começar a me declarar ao mundo foi um texto que escrevi para colocar no mural da sala de aula. Para contextualizar, com o intuito de estimular os alunos a pensar e a escrever, podíamos fixar textos na parede da classe, sobre qualquer tema. Mais um erro das freiras, lição número um para manter as pessoas em uma religião: NUNCA, em hipótese ALGUMA, estimule os indivíduos a pensar.
Não lembro exatamente como era esse texto, mas o título era algo como “Religião. Liberdade ou Prisão?”. Nele eu questionava se o fato de seguir uma religião nos levava a liberdade e alegria, ou apenas a uma prisão feita de dogmas e culpa. Claro que este texto não durou nem dois dias no mural. Depois disso, ainda escrevi outro ponderando se a vida eterna realmente seria algo bom, (que é um tema que ainda pretendo abordar em outro post,) após este ter sido novamente arrancado do mural, desisti de publicar meus “artigos”
Mostrei estes textos para minha mãe, ainda sem me declarar ateu, mas, tentando preparar o terreno, sentir a receptividade. Acredito que não teve um momento de sentar e falar, “sabe gente, eu não acredito nessa histórinha de deus, e bla bla bla”. Foi algo que foi sendo revelado aos poucos, com um comentário aqui, outro ali, algumas ironias e após algum tempo, algumas discussões até um tanto acaloradas, principalmente com meu pai, que não gostava de ouvir que o filho dele não acreditava no grande Juju da montanha, geralmente era finalizadas com alguma das seguintes frases. “Isso é coisa da idade, vai passar”, “Um dia você vai ver o tamanho da besteira que você esta falando”, “Você pode falar isso, mas Jesus continua te amando” e a minha preferida, “Só espero que quando você perceber, já não seja tarde demais”.
Mas a minha frase favorita foi quando depois de um destes debates, meu pai virou e falou algo na seguinte linha, “Você é muito inteligente e provavelmente vê algo que a gente não vê, mas eu vou continuar acreditando”. Não foram essas as exatas palavras, mas o contexto era esse.
Depois de já estar escancarado na família, foi mais fácil falar para os amigos da escola. Mesmo sendo visto com estranheza, não sofri preconceito nem nada parecido. Apesar de uma ou outra provocação, como chegar para a freira professora de religião e falarem, “Irmã, o Paulo Henrique não acredita em deus”, obrigado por isso Eduardo, e ter que ouvir uma dos diálogos mais bizarros de toda a minha vida: “Você acredita, no bem” “Sim”, “Então você acredita em deus, só não percebeu ainda”. WHAT???? Sim meus amigos, essa é a lógica das pessoas que acreditam em seres imaginários.
Hoje em dia, não tenho problema nenhum em me declarar ateu, mesmo quando as pessoas não me perguntam, porém já não tenho mais muita paciência para debates, estes que serão o tema do próximo post.
E se alguém quiser dividir sua história, concordar, discordar ou qualquer coisa, os comentários estão abertos para todos
Cheers
4 comentários:
Deve ser um baque, ainda mais para quem é gay. E ainda bem que tu compartilha teu ateísmo e teus pensamentos aqui. É uma forma de influenciar outras pessoas deixar tuas coragens neste espaço.
[É, eu sou esse anônimo aqui, se perguntar.]
Cara, o 4o subtipo que você citou: EXISTE!Meu irmão é MUITO inteligente, mas sente uma vontade enorme que alguém consiga fazê-lo acreditar que "SIM! ALGO MAIOR EXISTE." não sei se o fato da Paternidade "aflorou" isso nele. Eu penso que sim. Lhe falta coragem. Apenas isso.Isso me agonia imensamente. Primeiro pq a enorme admiração que sempre nutri por ele não vai deixar de existir - é uma amor sem limites-, segundo por não termos tido resistência (ou repreensão) qualquer "dentro de casa" quanto a religiosidade. Apesar de ter uma avó católica (que sempre esteve distante) minha mãe sempre se voltou ao lado "ZEN" da força (quando éramos adolescentes), então o que viesse era "DE BOA" literalmente. Agora, PQP uma coisa que já ouvi 1 ZILHÃO de vezes foi essa: "Você é uma pessoa tão boa (ou, acredita no bem) então acredita em Deus SÓ NÃO SABE DISSO." Minha Senhora, dá vontade de fazer o MAL-FEITO só para não ter que ouvir isso novamente!! rs.rs.rs *Clau*
"Se uma pessoa acha que ser gay vai levar ao inferno, não seja gay e pronto. Se acredita que abortar vai garantir a danação, não aborte. Se quer viver a vida como manda uma porra de um livro, viva. Mas não exija que outras pessoas embarquem em sua fantasia e que tenham que pautar suas atitudes da mesma maneira"
o mesmo conselho eu te dou caro amigo ateu. Não faça proselitismo deste neo-ateismo. não exija que outros embarquem neste teu delírio mental. Deixe os outros acreditarem naquilo que eles querem . não dê a eles o direito de te discipular.
"1º Tipo - Os que infelizmente não tiveram acesso a educação formal. 2º Tipo - Os que tem acesso, mas tem preguiça ou não tem interesse de pesquisar ou pensar a respeito. E por fim, o 3º Tipo - Os que tiveram acesso, pesquisaram e das duas uma, ou estão tão infectado pela doutrina que sofreram, ou são muito burros e não conseguem entender. Me surpreende que consigam vestir as calças. Tem gente que considera um 4º tipo, os do que tem medo, ou “preferem” continuar acreditando. Esses eu considero já como ateus, no máximo agnósticos. Eles já tem a consciência, só falta a coragem."
O terceio tipo é surpreendente. Uma atéia chama de defeito no chip. Mas eu chamo de Opção. Eu devo ser o terceiro ou o quarto não sei. Mas não vou te afirmar a existência de Deus pois isso aqui seria proselitismo do tamanho do teu. Há uma força que o mundo desconhece e uns chamam de Deus. Mas que vc consiga uma boa mente para sobreviver as dificuldades de um mundo Teista. A paz
Ps:. Faça -nos uma visita:. http://realidade.org/forum/index.php
amiguinho repensando o cristianismo... eu não faço proselitismo, apenas contei minha história e se por acaso isso ajudar alguém que quer sair do armário, ótimo, se não, tudo bem também.. não pretendo converter ninguém, e não estou nem se as pessoas acreditam ou não, desde que não me atormentem..
Cheers
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